Biologia comparativa de Rhodnius neglectus e Rhodnius robustus (Triatominae) sob condições de laboratório e infecção experimental pelo Trypanosoma rangeli com ênfase nos aspectos ultraestruturais das glândulas salivares infectadas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Triatomíneos do gênero Rhodnius: R. neglectus e R. robustus, vetores naturais do Trypanosoma rangeli, foram identificados utilizando-se as chaves taxonômicas de Lent &Wygodzinsky, 1979 e a morfometria geométrica das asas. Este último confirmou sua utilidade como parâmetro de identificação taxonômica em triatomíneos do gênero Rhodnius. No estudo comparativo das estatísticas vitais e dos aspectos de comportamento alimentar, os triatomíneos das duas espécies foram observados diariamente para se estabelecer: (i) o período de desenvolvimento dos estádios ninfais; (ii) percentual de mortalidade; (iii) detecção do hospedeiro (tempo de aproximação dos triatomíneos ao hospedeiro vertebrado experimental); (iv) número de tentativas de picadas dos insetos no hospedeiro; (v) tempo total do repasto sanguíneo; (vi) índice de picadas; (vii) lapso entre o final do repasto e a primeira defecação; e (viii) quantidade de sangue ingerido. Comparando-se as duas espécies, R. neglectus apresentou um período ninfal significativamente menor que R. robustus, havendo diferença significativa (p<0,001) para todos os estádios, exceto para Ninfa V. Com relação ao comportamento alimentar, as duas espécies apresentaram os parâmetros bem similares, exceto para o número de picadas onde R. neglectus se apresentou significativamente maior para as Ninfas IV e V, e para a quantidade de sangue ingerido onde R. robustus apresentou uma média de ingestão significativamente maior que R. neglectus. Em R. robustus, registrou-se a presença dos dois pares de glândulas (D1 e D2), característica da espécie estudada. Para verificar o potencial vetorial de T. rangeli nas espécies de triatomíneos, utilizou-se três procedimentos laboratoriais com a cepa SC-58: infecção via alimentação em camundongo infectado, via inoculação intracelômica e via xenodiagnóstico artificial, mas não houve infecção das glândulas salivares. Após diversas tentativas, T. rangeli infectou a hemolinfa em apenas dois triatomíneos, sem progresso de infecção. Com a cepa LP-01, isolada recentemente de R. neglectus naturalmente infectado, realizou-se uma tentativa de infecção via alimentação em camundongo infectado, sem demonstrar invasão hemolinfática. Na infecção in vitro das glândulas salivares, foi utilizada uma glândula controle (sem infecção) e mais quatros glândulas, infectadas por quatro tempos distintos (30 minutos, 1, 3 e 24 horas), que foram processadas e levadas ao Microscópio Eletrônico de Varredura para verificar e documentar o processo inicial de adesão e penetração na membrana basal. Após o processamento, observou-se que apenas com 30 minutos e 1 hora de infecção, flagelados encontravam-se aderidos na membrana basal, formando "grumos" com aparência de estar penetrando por orifícios grandes e visíveis. Isto poderia sugerir então que de alguma maneira, os flagelados lesam a membrana basal, com a finalidade de atravessá-la e ganhar passo às células do epitélio glandular.

ASSUNTO(S)

feeding behavior ciencias da saude salivary glands glândulas salivares comportamento alimentar

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