Bioecologia do caranguejo Armases rubripes (Rathbun, 1897) (Crustacea, Brachyura, Sesarmidae) na Baía de Sepetiba, RJ. / Bioecology of the crab Armases rubripes (Rathbun, 1897) (Crustacea, Brachyura, Sesarmidae) in Sepetiba Bay, RJ.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Armases rubripes é um caranguejo abundante no norte da América do Sul. O presente trabalho teve por objetivo verificar aspectos da bioecologia do caranguejo Armases rubripes (Rathbun) na Baía de Sepetiba/RJ, comparando-se a distribuição, aspectos reprodutivos e populacionais em três ambientes. Os caranguejos foram capturados manualmente na praia e no manguezal, enquanto no rio os mesmos foram obtidos com auxílio de peneiras. As amostragens foram obtidas de julho/2002 a janeiro/2004. Os animais foram encaminhados ao laboratório onde foram identificados, separados por sexo e mensurados. Numa outra etapa, exemplares foram observados em relação à liberação larval e análise microscópica das gônadas. Um total de 4.051 caranguejos foram capturados. Os maiores exemplares foram capturados na praia, enquanto os menores foram obtidos no rio. As populações estudadas apresentaram cinco estágios de maturação sexual. O recrutamento, crescimento e a freqüência de indivíduos mais velhos ocorreu de maneira distinta entre os ambientes. A. rubripes não apresentou um período definido para o processo de muda, nem a ocorrência de muda terminal. Tanto a maturidade sexual fisiológica quanto a morfológica apresentaram-se de forma assíncrona, com machos amadurecendo antecipadamente às fêmeas. A microscopia realizada no tecido ovariano corroborou com as informações obtidas macroscopicamente. Por outro lado, a presença de diferentes células de linhagem espermatogênica, no mesmo túbulo seminífero, indica atividade contínua neste tecido. Na praia, A. rubripes apresentou reprodução do tipo contínua e fecundidade média de 4.458 2.739 ovos, enquanto no manguezal, a reprodução foi do tipo sazonal-contínua e com fecundidade média inferior (2,005 1,400 ovos). No manguezal, o tamanho médio dos ovos analisados (0,36 0,11mm) foi maior que aqueles obtidos na praia (0.25 0.03mm). O volume da massa de ovos carregados pelas fêmeas ovígeras foi também maior no manguezal. A fertilidade média observada para a praia foi de 2.274 1.017 larvas, enquanto no manguezal essa média foi de 1.347 580 larvas. Esse caranguejo apresenta reduzida perda de ovos durante o período de incubação. Armases rubripes liberam larvas à noite (03:00 às 04:00h) durante a maré vazante. Em relação à composição da dieta de A. rubripes na Baía de Sepetiba foi possível verificar que em todo o período de estudo, houve uniformidade na composição dos recursos alimentares consumidos. Os principais itens alimentares encontrados foram: gramíneas e microalgas, sendo os itens mais freqüentes a gramínea Spartina alterniflora. Com base nestes resultados, verifica-se que A. rubripes apresenta grande plasticidade em relação aos ambientes que se distribui. Este braquiúro apresenta sucesso nos ambientes que coloniza através da utilização de diferentes estratégias como: produção de ovos com tamanho maior; alta fecundidade e fertilidade com uma reduzida percentagem de perda de ovos durante o desenvolvimento embrionário; reprodução contínua ou sazonal-contínua; utilização da maré vazante para a dispersão larval; tamanho da maturidade sexual distinta, assíncrona e antecipada entre os machos; produção contínua de espermatozóides;ausência de muda terminal com processo contínuo de crescimento nos indivíduos das populações; e a utilização de distribuição espacial diferencial entre indivíduos imaturos e maturos.

ASSUNTO(S)

habitat liberação larval reproduction armases rubripes baía de sepetiba habitats metapopulation , metapopulação, reprodução sepetiba bay hatched ecologia

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