Indicadores antropométricos, bioquímicos, de composição corporal e pressão arterial como preditores de risco cardiovascular em adolescentes / Anthropometric indicators and body composition as predictors of cardiovascular risk in adolescents

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

24/08/2010

RESUMO

O presente trabalho objetivou avaliar a capacidade de indicadores antropométricos e de composição corporal em predizer alteração na gordura corporal, nos fatores de risco cardiovascular e na síndrome metabólica. Trata-se de um estudo epidemiológico, de caráter transversal, probabilístico, realizado na Divisão de Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde foram avaliados 172 adolescentes de ambos os sexos, com idades de 16 a 19 anos, de escolas públicas e particulares da zona urbana do município de Viçosa - MG. A avaliação antropométrica incluiu medidas de peso, altura, circunferência da cintura (CC). Foi calculada a relação cintura/ estatura (RCE) e os índices de conicidade (IC), e de massa corporal (IMC). Para verificar o percentual de gordura corporal (%GC) utilizou-se a bioimpedância elétrica tetrapolar (BIA). Aferiu-se a pressão arterial utilizando monitor de pressão sanguínea de insuflação automática Omron Model HEM-741 CINT e classificada de acordo com a V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (2006). Foi feita análise sanguínea de glicemia de jejum, triglicerídeos, colesterol total, HDL, LDL, VLDL, insulina e calculado o índice de resistência a insulina (HOMA) e classificados de acordo com a I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência (2005). Como critério para a síndrome metabólica considerou-se o International Diabetes Federation (IDF, 2007). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. Os resultados apontam que o peso, a altura, a circunferência da cintura, o índice de conicidade, o percentual de massa livre de gordura e a pressão arterial sistólica foi maior entre os meninos (p<0,05). E o percentual de gordura corporal maior nas meninas (p<0,05), enquanto que o IMC, RCE e pressão arterial diastólica não tiveram diferença entre os sexos. Em relação à pressão arterial dos adolescentes avaliados, observou-se que 8,8% das meninas e 35,5% dos meninos apresentaram valores alterados. A prevalência de síndrome metabólica na população estudada foi 1,2%, sendo um menino e uma menina que preenchiam os critérios propostos pelo IDF, 2007. Em relação aos fatores de risco para a síndrome metabólica, 58,6% dos meninos e 48% das meninas, apresentavam pelo menos um fator de risco. As alterações bioquímicas mais prevalentes foram em ordem descrescente: Colesterol Total elevado 59,8% (n= 61); LDL alto 33,3% (n=34); HDL baixo 16,6% (n=17); Triglicerídeo alto 9,8% (n= 10) nas meninas. Entre os meninos são: HDL baixo 52,8% (n=37); Colesterol Total elevado 28,6% (n= 20); Triglicerídeos altos 18,6% (n= 13) e LDL alto 14,3% (n=10). A hiperglicemia não foi frequente na população estudada, sendo que apenas uma menina (0,98%) apresentou glicemia acima de 100mg/dL. Por outro lado, a hiperinsulinemia esteve presente em 5,9% (n=6) das meninas e 1,4% (n=1) dos meninos. Essas alterações ainda foram observadas nos eutróficos sugerindo um risco para a síndrome metabólica também neste grupo. A resistência a insulina obtida através do índice HOMA-IR foi de 4,9% (n=5) nas meninas e 1,4% (n=1) para os meninos. Os resultados apontam que a circunferência da cintura possui boa capacidade preditiva de risco da síndrome metabólica, principalmente no sexo feminino, e que o ponto a partir de 69 cm conseguiu identificar algum risco da síndrome na população estudada. Embora os valores de sensibilidade e especificidade tenham sido adequados, é importante observar que, o valor de sensibilidade resulta em taxa média de 25 a 28,6% de falsos negativos. Dessa forma, é importante considerar que a circunferência da cintura estima o risco e não o diagnóstico de excesso de gordura corporal e suas implicações para a saúde. O IMC teve boa capacidade preditora nas meninas, visto que identificou alterações nos triglicerídeos, insulina, índice HOMA e pressão arterial. Já nos meninos, não teve a mesma capacidade. Considerando a análise da curva ROC, os indicadores antropométricos, CC e RCE foram os melhores indicadores de gordura corporal no sexo feminino. Os indicadores antropométricos analisados apresentaram bom poder discriminatório de alteração nos triglicerídeos, insulina, HOMA e pressão arterial dos adolescentes, demonstrando ter aplicabilidade prática na predição de fatores de risco cardiovascular, nas meninas. Nos meninos, apenas a RCE teve capacidade preditiva para LDL elevado. Vale lembrar que modificações no estilo de vida como hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física são imprescindíveis para melhorar a qualidade de vida além de diminuir o impacto que as doenças crônicas causam nos gastos com a saúde pública.

ASSUNTO(S)

circunferência da cintura Índice de massa corporal Índice de conicidade relação cintura/estatura risco cardiovascular adolescentes nutricao waist circumference body mass index conicity index waist/height cardiovascular risk adolescents

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