Beija-flores e seus recursos florais numa area de planicie costeira do litoral norte de São Paulo
AUTOR(ES)
Andrea Cardoso de Araujo
DATA DE PUBLICAÇÃO
1996
RESUMO
O conjunto de plantas exploradas por beija-flores foi estudado em três habitats em área de planície costeira do litoral norte de São Paulo. As plantas foram estudadas quanto à fenologia de floração, ao hábito e às características das flores, como sua posição na planta, número de flores abertas/dia, densidade, coloração, comprimento da corola, bem como a concentração e o volume do néctar. Os beija-flores foram registrados ao longo do ano em visitas às flores de plantas focais. Durante as visitas foram registradas a freqüência e o modo de visitas, as características dos recursos florais, a altura das flores visitadas e a ocorrência de interações agressivas. Cinqüenta espécies de plantas foram exploradas por beija-flores em Picinguaba, sendo 50% destas, espécies não-ornitófilas. A Capoeira foi o habitat que apresentou o menor número de espécies de plantas exploradas por beija-flores, além da menor proporção de espécies nativas e de espécies omitófilas. Na Floresta Alta ocorreu a maior proporção e densidade de espécies omitófilas, além de maior número de espécies com hábito epífito e flores com maior comprimento de corola. A Floresta Alta e a Restinga Baixa foram os habitats que apresentaram maior similaridade quanto à composição de espécies de plantas exploradas por beija-flores. Bromeliaceae foi a família mais importante como recurso, e o hábito epífito predominou entre as plantas visitadas por estas aves. Os picos de floração concentraram-se no final do período seco e início do período úmido, quando a frequência de registros visuais de beija-flores também foi maior. Espécies de plantas com corolas mais longas apresentaram maiores concentrações de açúcar no néctar. A concentração de açúcar no néctar foi semelhante entre flores omitófilas e não-omitófilas. Doze espécies de beija-flores ocorreram em Picinguaba: Phaethornis ruber, Ramphodon naevius, Thalurania glaucopis e Amazilia fimbriata (residentes) e Leucochloris albicollis, Lophornis chalybea, Eupetomena macroura, Glaucis hirsuta, Amazilia brevirostris, Melanotrochilus fuscus, Hylocharis cyanus e Anthracothorax nigricollis (não-residentes). As espécies de plantas mais freqüentemente visitadas pelos beija-flores residentes floresceram seqüencialmente. Os beija-flores não-residentes foram mais generalistas que os residentes, visitando principalmente plantas não-omitófilas e/ou de floração maciça, floridas no período chuvoso. Os beija-flores de bico curto (<20.0mm) visitaram principalmente flores de corola curta (<20.0mm), os Phaethominae de bico longo (>30.0mm) foram os mais especialistas, visitando principalmente flores omitófilas, de corola longa (>38.0mm). Melanotrochilus fuscus, Am. brevirostris e Am. fimbriata foram os beija-flores mais freqüentes na CP; R. naevius, P. ruber e os machos de T. glaucopis foram os mais freqüentes na FA, Am. fimbriata e machos de T. glaucopis foram os mais freqüentes na RB. Dentre os Phaethominae, Ramphodon naevius forrageou em rondas de alta recompensa, P. ruber atuou como parasita de territórios ou forrageou em rondas de baixa recompensa. Dentre os Trochilinae, os machos de T. glaucopis foram territoriais e as fêmeas generalistas, parasitas de territórios ou forragearam em rondas de baixa recompensa. Amazilia fimbriata foi territorial ou generalista e M fuscus foi territorial. Os Phaethominae foram registrados mais freqüentemente em vôo, ao passo que os Trochilinae foram mais freqüentemente observados pousados, em agonismo ou em visita às flores. O número total de plantas exploradas por beija-flores, bem como a proporção de espécies não-omitófilas são altos em relação à levantamentos feitos em outras localidades. O número de espécies de beija-flores registradas em Picinguaba também foi superior ao observado em outras áreas de Mata Atlântica, embora não existam estudos comparativos. A diversificação nas estratégias de forrageamento pode estar relacionada à alta riqueza de beija-flores encontrada em Picinguaba, além de favorecer a coexistência de mais de uma espécie de beija-flor com características morfológicas semelhantes. O tamanho dos beija-flores está relacionado ao "status" de dominância em Picinguaba, sendo M fuscus o beija-flor dominante na CP, e os machos de T. glaucopis na FA e RB
ASSUNTO(S)
mata atlantica polinização beija-flor
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000101521Documentos Relacionados
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