Behaviorismo radical e subjetividade.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

No behaviorismo radical a subjetividade é estudada, geralmente, recorrendo-se à teoria de eventos privados. A teoria de eventos privados tem em sua raiz a problemática da acessibilidade, ou seja, a tese de que a pessoa tem acesso privilegiado a determinados eventos que ocorrem sob sua pele (privacidade). Analisando a origem dessa tese encontraremos que ela chega ao behaviorismo radical pela via do dualismo e do positivismo lógico (através do behaviorismo metodológico). No entanto, quando se interpreta o behaviorismo radical a partir de uma metafísica relacional, elimina-se a influência tanto do dualismo, quanto do positivismo lógico. Com isso, o behaviorismo radical pode abandonar a teoria de eventos privados. Mas diante dessa possibilidade como ficaria o estudo da subjetividade? Responder a essa questão é o principal objetivo deste trabalho. Defende-se, aqui, a tese de que é viável empreender um estudo da subjetividade no behaviorismo radical desvinculado da teoria de eventos privados. Isso pode ser feito através dos conceitos de corpo e mundo, e da construção de uma teoria do self compatível com o behaviorismo radical. Dessa forma, o presente trabalho busca apresentar uma interpretação do behaviorismo radical, pautada em uma metafísica relacional, que desvincula subjetividade de privacidade. Essa interpretação considera também a possibilidade de diálogos produtivos entre o behaviorismo radical e outras teorias psicológicas e filosóficas (tais como psicologia jamesiana, Gestalttheorie e filosofia analítica). De acordo com essa interpretação, subjetividade está relacionada com os produtos do comportamento verbal discriminativo (que se identifica com o eu). Como esse produto depende de uma comunidade verbal (que arranja contingências discriminativas) a subjetividade passa a ser considerada social. Além disso, a interface pessoa-comunidade verbal torna inviável a defesa de uma subjetividade pura, bem como de um objetivismo pleno. Com isso, o behaviorismo radical parece ser capaz de desconstruir o debate subjetivo-objetivo: esses termos estão subordinados à relação comportamental. Por fim, conclui-se que a radicalidade do behaviorismo radical não está em considerar os eventos privados em sua explicação do comportamento, mas em estudar o comportamento sem recorrer a instâncias não-comportamentais.

ASSUNTO(S)

mundo (psicologia) filosofia body self (psicologia) subjectivity corpo - filosofia radical behaviorism self subjetividade metafísica relacional world behariorismo (psicologia) behaviorismo radical relational metaphysics

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