Avaliações químicas, nutricionais e microbiológicas das silagens de bagaço de laranja e de milho

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar as características químicas, nutricionais e microbiológicas, os parâmetros de fermentação e a estabilidade aeróbica das silagens de bagaço de laranja (SBL) e de milho (SM). Foram confeccionados minisilos experimentais de bagaço de laranja e de milho. No primeiro experimento, analisou-se os diferentes tempos de abertura dos silos. Determinou-se: pH, ácido lático (AL), nitrogênio amoniacal (NNH3), capacidade tampão (CATP), matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), cinzas (CIN) para cálculo de matéria orgânica (MO), fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos totais (CHOT), cálcio e digestibilidade in vitro (DIV). O teor médio de MS da SBL foi de 26,53%. A proteína bruta não diferiu entre as SBL e SM (7,14 e 7,34%, respectivamente). A SBL apresentou maior capacidade tampão do que a silagem de milho (média respectiva de 72,53 e 47,75 n.e.mg/100g MS) e maior produção de ácido lático (média respectiva de 4,40 e 2,94%). Os teores de MS, PB, NNH3 e CHOT da silagem de bagaço de laranja não foram influenciados pelos tempos de abertura dos silos. A média de pH das SBL e SM foram respectivamente 3,44 e 3,84. A silagem de bagaço de laranja apresentou maior DIVMS (96,34%), DIVPB (96,87%) e DIVFDN (97,75%), quando comparado à silagem de milho (69,28%, 62,38% e 76,69% respectivamente). No segundo experimento foram feitas as mesmas determinações, alterando-se os tratamentos, onde avaliou-se o uso ou não de inoculante microbiano e/ou enzimático e ácido acético e propiônico. A SBL apresentou maior teor de MS para a silagem controle (26,04%) e a SM para o tratamento com inoculante enzimático (36,23%). A proteína bruta da silagem de bagaço de laranja (7,38%) diferiu da silagem de milho (7,20%), sendo que o teor de NNH3 em porcentagem do nitrogênio total, foi maior para a SBL (5,35%). As silagens apresentaram pH variando de 3,45 a 3,77. A SBL apresentou maior capacidade tampão (73,82 a 80,39 n.e.mg HCl/100g MS) e maior teor de ácido latico (4,24 a 5,82%) do que a SM (42,43 a 50,92 n.e.mg HCl/100g MS e 1,97 a 2,53%, respectivamente). A SBL apresentou maior digestibilidade in vitro da MS, parede celular e PB do que a silagem de milho, em todos os tratamentos, havendo efeito dos aditivos somente na digestibilidade da silagem de milho. No terceiro experimento avaliou-se a estabilidade aeróbica, contagem microbiana e a presença de patulina e fumonisina, utilizando-se os mesmos inoculantes. O pico de temperatura diferiu entre as SBL e SM em todos os tratamentos, exceto para as silagens com inoculante enzimático. Nos demais tratamentos, a SM apresentou menor pico de temperatura (31,2 a 34,7ºC) e maior tempo para atingir o pico de temperatura (99 a 114h). A SBL com inoculante enzimático demorou mais tempo para atingir o pico de temperatura (104h), apresentando melhor estabilidade aeróbica (65h). A SBL tratada com aditivo microbiano/enzimático, que obteve menor estabilidade aeróbica (43h), apresentou maior média de contagem de leveduras (3,76 log UFC/g). A SBL sem inoculante apresentou menor contagem de leveduras durante as 96h de exposição ao ar. De maneira geral, a SBL apresentou médias menores do que a SM para contagem de leveduras em todos os tratamentos. Não foi detectado presença de fungos e micotoxinas. No quarto experimento, avaliou-se as silagens com diferentes aditivos protéicos, realizando-se as mesmas determinações do primeiro experimento. Os aditivos protéicos aumentaram (P<0,05) os teores de MS das silagens sendo que a SBL e SM adicionados de farelo de girassol (28,38%) e esterco de poedeira (43,50%) apresentaram os maiores teores de MS, respectivamente. A matéria orgânica da SBL, com exceção da silagem com uréia, foi superior à SM. O pH das silagens variou de 3,41 a 4,09, sendo que o maior pH observado foi com esterco de poedeira (3,73 e 4,09, respectivamente para SBL e SM). A CATP variou de 66,44 a 90,07 n.e.mg HCl/100g MS para SBL e de 42,43 a 69,43 n.e.mg HCl/100g MS para SM. Os teores de AL nas SBL (4,17 a 5,68%) foram muito superiores ao da SM (1,97 a 3,41%). A SBL apresentou maior digestibilidade in vitro da matéria seca, parede celular e proteína bruta quando comparada à SM em todos os tratamentos. No quinto experimento, fez-se as mesmas avaliações do terceiro experimento, nas silagens com diferentes aditivos protéicos. O menor pico de temperatura na SBL foi observado para a silagem com esterco de poedeira (28,93ºC), seguido da silagem com farelo de algodão (35,70ºC). Na SM o maior e o menor pico de temperatura foi observado, respectivamente, para a silagem com farelo de soja (36,53ºC) e com esterco de poedeira (27,03ºC). A estabilidade aeróbica não diferiu entre as silagens controle, sendo superior nos outros tratamentos para a SM quando comparada com a SBL, exceto nas silagens com farelo de soja. Na SBL, somente o esterco de poedeira melhorou a estabilidade aeróbica da silagem (84h), e na SM, todos os aditivos, com exceção do farelo de soja, melhoraram a estabilidade aeróbica. A SBL em todos os tratamentos, apresentou menor média de contagem de leveduras quando comparada com a SM. A contagem de bactérias aumentou na SBL com farelo de algodão e com farelo de girassol e na SM com farelo de soja. Não foi detectado presença de fungos nem de micotoxinas. Conclui-se que o bagaço de laranja pode ser bem conservado na forma de silagem sem necessidade do uso de inoculantes ácidos, microbianos e/ou enzimáticos na sua conservação. A silagem de bagaço de laranja apresenta boas características químicas, nutricionais e microbiológicas e bom padrão de fermentação, podendo ser aberta a partir de 10 dias de ensilagem, sendo uma boa alternativa de alimento durante os períodos de escassez de forragens.

ASSUNTO(S)

milho - silagem bagaço de laranja - silagem nutrição animal microbiologia animal nutrition corn - silage

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