Avaliações diárias e sazonais das concentrações de CO2 em um ecossistema de manguezal: dimensões micrometeorológicas e econômicas / Assessing daily and seasonal CO2 concentrations in a mangrove ecosystem: micrometeorological and economic dimensions

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/02/2010

RESUMO

Este trabalho baseou-se em um projeto pioneiro que estudou os fluxos e concentrações de CO2 em manguezais do Pará, Brasil. Desenvolvido no contexto do LBA – Experimento de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia, operou em um sítio experimental no município de Bragança, que hospedou o projeto CARBOPARÁ – LBA. Em uma floresta cujo dossel atinge alturas de até 25 metros foram instalados equipamentos meteorológicos e um sistema de covariância de vórtices turbulentos para medições contínuas dos fluxos de CO2. Dados provenientes do sítio experimental de Bragança (PA) em ecossistema de manguezal sugerem a necessidade da ampliação de estudos sobre as trocas dos fluxos de massa e de energia, e a correlação com o valor econômico desse ecossistema. A técnica, conhecida como método de covariância de vórtices turbulentos possibilita determinar se um ecossistema, em particular os manguezais, é uma fonte ou um sumidouro do CO2 atmosférico. Dentre os resultados obtidos destacam-se as seguintes: a) As menores concentrações de CO2 no período diurno no manguezal ocorreram em torno do meio-dia, com uma variação de 352,4 ppm em março a 392,4 ppm em outubro. b) As maiores concentrações de CO2 ocorreram no período noturno, como era de se esperar, tendo variado de 380,3 ppm (novembro) a 459,9 ppm (maio). c) As variáveis mais fortemente correlacionadas com as variações na concentração de CO2, em ordem decrescente de importância foram: a temperatura do ar, radiação solar, parâmetro de estabilidade atmosférica, velocidade de fricção e velocidade do vento. d) As taxas de assimilação média de CO2 no período diurno variaram de -7,37 mmol.CO2.m-2.s-1 em junho para -10,75 mmol.CO2.m-2.s-1 em setembro, resultando num valor médio durante o período experimental de -9,25 mmol.CO2.m- 2.s-1. e) As taxas médias de respiração do ecossistema durante o período noturno variaram de: 3,47 mmol.CO2.m-2.s-1 em março para 6,31 mmol.CO2.m-2.s-1 em junho, tendo apresentado um valor médio durante o período experimental de 4,47 mmol.CO2.m-2.s-1. No contexto do Protocolo de Kyoto as atividades de projeto para a criação ou reflorestamento de ecossistemas manguezais mostram-se bastante atrativas e economicamente viáveis para sua implementação, seja para projetos em áreas conforme demonstrado pela Tese, ou para projetos mais ambiciosos, envolvendo áreas maiores em atividades de projeto de florestamento ou reflorestamento. Em relação aos Fundos de Compensação por emissões evitadas, a exemplo do recém proposto REDD, caso venham a incluir nas contabilidades nacionais as remoções de natureza não-antropogênicas, como a evolução natural dos estoques de carbono em florestas, fica a proposta implícita na Tese: as absorções pelo sumidouro (ecossistemas de manguezal) devem ser remuneradas anualmente pelo balanço da NEE calculado e expresso pelo fluxo médio de captação do CO2 anualmente e por unidade de área do ecossistema conservado. Os resultados corroboram a veracidade da hipótese deste estudo, que indica a viabilidade do florestamento ou reflorestamento de manguezais como atividades de projeto para inclusão na modalidade LULUCF do MDL ou de Fundos de Compensação (REDD et al.). O experimento realizado em Bragança (PA) aponta para um ganho líquido de 16,6 TC.ha- 1.ano- 1 e a possibilidade de geração em torno de 60 certificados de emissões reduzidas por cada hectare de manguezal recuperado ou plantado por ano.

ASSUNTO(S)

manguezal créditos de carbono micrometeorologia micrometeorologia mangrove carbon credits micrometeorologic

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