Avaliação ultrassonográfica da morbidade por esquistossomose mansoni na população indígena Xakriabá, Minas Gerais, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Radiol Bras

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-02

RESUMO

Resumo Objetivo: Investigar a morbidade por esquistossomose na população indígena Xakriabá usando a ultrassonografia. Materiais e Métodos: Estudo de campo censitário realizado na terra da população indígena Xakriabá (166 convidados; 148 participantes; idade de 0-77). Foram feitos ultrassonografia abdominal, exame físico e coproscopia (EPF). Os testes Mann-Whitney U e qui-quadrado foram usados para comparações. Foram realizadas análise de risco (odds ratio - OR) e regressão logística. Resultados: De 116 índios com resultado de EPF, 31 (26,7%) tiveram ovos de Schistosoma; 22/31 (70,9%) tinham idade entre 4-16 anos. A carga parasitaria mediana foi 144 ovos/g (intervalo interquartílico: 264). De 105 examinados por ultrassom, 68 (64,8%) tiveram lobo hepático esquerdo aumentado, 6 (5,7%) tiveram esplenomegalia e 4 (3,8%) tiveram hipertensão portal. EPF+ foi mais frequente nos indivíduos com lobo esquerdo aumentado (OR: 3,4; intervalo de confiança (IC) 95%: 1,1-11,2; p = 0,043). Fibrose periportal ocorreu em 30/105 (28,6%) examinados, e desses 30, 9 (30%) apresentavam padrão C, 10 (33,3%) apresentavam padrão D e 11 (36,7%) apresentavam padrão Dc. A idade foi o único fator de risco independente para fibrose (p = 0,007). A fibrose ocorreu até nove vezes mais em usuários de álcool que em não usuários (OR: 9,28; IC 95%: 2,60-33,06; p < 0,001). Formas crônicas ocorreram em 54/138 (39,1%) participantes, sendo 32 dos 54 (64,8%) em menores de 30 anos; um (1,8%) era hepatoesplênico. Conclusão: A esquistossomose na população Xakriabá caracteriza-se por alta positividade, predomínio em crianças e presença de formas hepáticas crônicas em jovens, especialmente entre usuários de álcool.

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