Avaliação multidimensional do idoso : uma abordagem em atenção primária à saúde

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar a eficácia e efetividade de uma abordagem multidimensional em atenção primária à saúde direcionada para a detecção dos problemas de saúde que mais freqüentemente afetam a qualidade de vida dos idosos, em comparação com a prática do atendimento clínico que lhes é dispensado em ambulatórios de atenção primária. METODOLOGIA: Estudo transversal desenvolvido com idosos de 60 anos ou mais atendidos em postos de atenção primária à saúde de Porto Alegre (RS) mediante aplicação de um instrumento de avaliação multidimensional do idoso (AMI), no período de maio a setembro de 2002. Para análise da eficácia do instrumento, foram descritas as prevalências de problemas de saúde obtidos pela sua aplicação a 189 idosos atendidos no período, informações que foram então, comparadas com as registradas nos prontuários de 143 idosos atendidos nas mesmas unidades nos 24 meses precedentes. Para determinar a efetividade da abordagem foi analisado o tempo despendido na avaliação, a opinião dos médicos de família quanto à adequação dos domínios investigados, a relevância do instrumento para a sua prática, sua opinião sobre a utilidade do método e o seu interesse na atenção ao idoso. Foram, aferidas medidas de tendência central e desvios nas freqüências; nas proporções, foi usado o intervalo de confiança (IC95%) e o qui-quadrado de Mantel-Haenszel e Yates; na avaliação da magnitude das associações, a razão de prevalência (RP) e seu intervalo de confiança. RESULTADOS: A AMI identificou um número maior de problemas de saúde em todos os itens pesquisados, tendo sua capacidade diagnóstica para problemas de visão, risco e registro de quedas, atividades de vida diária, incontinência urinária, perda de peso e suporte social sido estatisticamente diferente da observada nos prontuários. O tempo médio despendido na sua aplicação foi de 11 minutos. A análise dos prontuários revelou uma média de 10,8 consultas por prontuário no período dos 24 meses precedentes; em um quarto deles, foi superior a 15. Em termos de efetividade, comparou-se a metodologia diagnóstica de aplicação de um instrumento que dura 11 minutos em uma única consulta com a prática que envolve várias consultas. O, profissionais que aplicaram o instrumento têm qualificação técnica, especialização ,m Medicina de Família e Comunidade e larga experiência profissional, 17 anos em média. Apesar de nenhum deles ter cursado disciplina específica de geriatria na graduação e renas dois terem participado de curso breve, sobre o tema, eles relatam elevado interesse nos cuidados com o paciente idoso. O número de pacientes que não foram avaliados por esquecimento ou falta de tempo foi muito baixo (3,7%). A maioria dos profissionais (87,5%) avaliou o instrumento, no seu conjunto e em cada um de seus itens, com o grau máximo de aprovação, ou seja, como muito útil, o que favorece a incorporação do método à prática usual. CONCLUSÃO: A AMI mostrou ser eficaz na detecção dos problemas de saúde que mais freqüentemente põem em risco a população idosa. Seu uso sistemático pode detectar problemas de saúde que passam despercebidos pelo médico ou não são relatados pelos pacientes. Seu tempo de aplicação foi curto, permitindo sua inclusão na consulta médica usual; os médicos que aplicaram o instrumento opinaram de forma muito positiva sobre a utilidade do método.

ASSUNTO(S)

envelhecimento qualidade de vida medicina atenÇÃo primÁria À saÚde saÚde do idoso geriatria gerontologia idosos

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