Avaliação físico-química de bio-óleo e biocombustível como aditivo para combustíves fósseis

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

No último século, combustíveis derivados de petróleo foram as principais fontes de energia no mundo. Considerável esforço vem sendo direcionado no desenvolvimento de processos para produção de combustíveis líquidos alternativos. O uso da biomassa como fonte potencial de combustíveis automotivos, de produtos químicos e de materiais deu um novo impulso à prática da pirólise nas ultimas décadas. O líquido resultante do processo de pirólise da biomassa vem sendo designado como bio-óleo. O bio-óleo uma mistura complexa de álcoois, aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos entre outros, apresenta como característica a baixa estabilidade, causada pela reatividade dos compostos presentes no óleo. Esse trabalho teve como objetivo monitorar a viscosidade do bio-óleo em 2, 5, 10, 15 e 20% (v/v) de etanol durante período de 15, 30, 45, e 60 dias de estocagem a temperatura ambiente (22oC) e avaliar a possibilidade de uso do biocombustível, obtido através do processo de esterificação (catálise ácida em etanol) da fração mais ácida (pH=2) do bio-óleo, em mistura ou como aditivo aos principais combustíveis fósseis automotivos (diesel e gasolina) comercializados no Brasil. A variação na viscosidade no bio-óleo e no bio-óleo/etanol foi constatada e mostrou-se mais acentuada no bio-óleo com 5% de etanol, que favoreceu as reações de polimerização, oxidação e outras reações químicas e processos físicos, denominados “envelhecimento” do óleo. Observou-se que a concentração melhor para armazenamento do bio-óleo foi em 10 e 15% de etanol, pois o aumento de viscosidade do óleo durante o período e nas condições de monitoramento foi mais discreto. O biocombustível, derivado do bio-óleo, devidamente tratado por destilação foi adicionado nas proporções de 2, 5, 10 e 20 % (v/v) a Gasolina tipo C e ao Diesel comercializados na cidade de Campinas e Londrina. A mistura com a gasolina constituiu emulsões estáveis, porém a adição do biocombustível ao diesel comercial não foi favorável mesmo com a utilização de tensoativos. De acordo com os ensaios físico-químicos realizados com a Gasolina tipo C aditivada ou em mistura com o biocombustível, com exceção do ensaio para verificação do teor de álcool, que a presença do biocombustível mantêm o combustível fóssil dentro das especificações da ANP. Apesar de uma pequena alteração no perfil da curva de destilação de algumas amostras, todas as temperaturas e porcentagens de combustível evaporado permaneceram dentro dos limites da legislação brasileira. Verificou-se aumento na octanagem da gasolina em mistura com o biocombustível, sem aumentar a geração de resíduos. Os ensaios para determinação da massa específica, pressão de vapor e teor de enxofre não indicaram variação que pudesse influenciar na qualidade da Gasolina tipo C. Os resultados dos ensaios para verificar a formação de goma, período de indução e corrosividade ao cobre apresentaram-se constantes quanto à adição do biocombustível à gasolina. O teor alcoólico determinado para a Gasolina tipo C em mistura com o biocombustível, indicou uma porcentagem de álcool maior do que aquela previamente adicionada pelas distribuidoras, devido a limitações na determinação do volume de grupos polares presente no biocombustível.

ASSUNTO(S)

energia da biomassa bio-óleo - viscosidade combustíveis biomass energy fuel

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