Avaliação estrutural dos musculos dos membros superiores em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva cronica e hipoxemia cronica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Os músculos esqueléticos constituem um dos tecidos no organismo de maior plasticidade e capacidade de adaptação a situações adversas. Um grande número de estímulos é capaz de produzir alterações na massa e na composição dos músculos, com resultados não necessariamente concordantes nas diferentes regiões do esqueleto. Estudos em indivíduos com DPOC demonstraram que os músculos esqueléticos destes pacientes apresentam alterações bioquímicas e estruturais que indicam baixa função aeróbica. Diversos fatores estão envolvidos na gênese desta disfunção muscular, como inatividade física, hipoxemia, perda de peso, inflamação crônica, envelhecimento e uso de algumas drogas, como corticosteróides. O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição dos tipos de fibras musculares e de seu tamanho em biópsias de músculo esquelético de membros superiores de indivíduos portadores de DPOC grave e insuficiência respiratória crônica estável -com pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (pa02) ? 55 mmHg -, e com índice de massa corpórea (IMC) conservado. Foram realizadas biópsias do bíceps braquial de 08 pacientes e 12 controles. Por meio de análise histoquímica (técnica de ATPase) foram identificados e contados os diversos tipos de fibras (1, 2a e 2b) e a seguir feita a morfometria destas fibras, apenas nos homens. No grupo dos pacientes, a média de idade foi de 54,8 anos, a média de!MC de 25,9 kglm2, a média de VEF1: 34,7 % do previsto, a média de Pa02 de 49,7 mmHg. Houve diferença na distribuição entre as fibras 2a e 2b (p<0,05), sendo que as 2a (oxidativas) estiveram diminuídas nos pacientes hipoxêmicos, e as 2b (glicolíticas) apareceram aumentadas nestes pacientes. A morfometria mostrou alteração significativa nas fibras 2b (p<0,05), que tiveram área maior nos pacientes comparativamente ao grupo controle. Nossos achados na composição e morfometria das fibras musculares diferem dos relacionados à desnutrição ou uso de corticosteróides. Situações de extrema inatividade física podem causar modificações musculares semelhantes àquelas encontradas aqui. Como nossos doentes mantinham atividade cotidiana normal, consideramos que o desuso da musculatura não tenha sido um fator preponderante nas mudanças encontradas. Nossos resultados sugerem uma diferenciação das fibras para àquelas de atividade predominantemente glicolítica, talvez uma adaptação a um ambiente com baixas tensões de oxigênio. A baixa disponibilidade de oxigênio provavelmente precipita uma série de eventos fisiológicos que privilegiam algumas funções vitais em detrimento de outras. Nossa hipótese é que a hipoxemia crônica tenha sido um dos fatores determinantes nas modificações estruturais musculares observadas neste estudo

ASSUNTO(S)

pulmões - doenças obstrutivas musculos

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