Avaliação econômica do uso de dexrazoxano na profilaxia de cardiotoxicidade em crianças em tratamento quimioterápico com antraciclinas

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Saúde Pública

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/09/2019

RESUMO

Resumo: O câncer em indivíduos de 0 a 19 anos é considerado raro, quando comparado à incidência em faixas etárias maiores, sendo estimado entre 2% e 3% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. O uso de antraciclinas está frequentemente associado ao aparecimento de cardiotoxicidade e faz parte de aproximadamente 60% dos protocolos terapêuticos em oncologia pediátrica. Dentre as estratégias existentes para a prevenção de cardiotoxicidade, o dexrazoxano obteve resultados favoráveis pautados em desfechos intermediários (marcadores bioquímicos e medidas ecocardiográficas). Foi desenvolvida, neste trabalho, uma avaliação de custo-efetividade que compare o uso do dexrazoxano em diferentes populações, além de uma avaliação do impacto orçamentário causado pela possível incorporação da tecnologia. Foi utilizado o horizonte temporal de toda a vida do paciente e a perspectiva de análise do Sistema Único de Saúde. Uma análise de impacto orçamentário para cada tecnologia também foi construída. Após uma busca na literatura, foi desenvolvido um modelo de Markov capaz de comparar o uso do dexrazoxano em seis perfis de pacientes com risco de desenvolver cardiotoxicidade. Usar o medicamento nas crianças menores de cinco anos de idade se mostrou a alternativa mais custo-efetiva (razão de custo-efetividade incremental - RCEI de R$ 6.156,96), seguida de usar em todos os pacientes (RCEI de R$ 58.968,70). Caso o preço diminua a um valor menor que R$ 250,00 por frasco, a alternativa de usar em todas as crianças se torna a mais custo-efetiva. O impacto orçamentário ao final de cinco anos foi de R$ 30.622.404,81 para uso apenas nas crianças menores de cinco anos. Usar a tecnologia em todas as crianças produziria um impacto incremental de R$ 94.352.898,77.Abstract: Cancer in individuals 0 to 19 years of age is considered rare when compared to incidence in older age brackets, and is estimated at 2% to 3% of all malignant tumors recorded in Brazil. The use of anthracyclines is frequently associated with cardiotoxicity, and these drugs are part of approximately 60% of treatment protocols in pediatric oncology. Among the existing strategies for the prevention of cardiotoxicity, dexrazoxane obtained favorable results based on intermediate outcomes (biochemical markers and echocardiographic parameters). This study was based on a cost-effectiveness assessment comparing the use of dexrazoxane in different populations, besides an assessment of the budget impact from the technology’s potential incorporation. The patient’s lifetime was used as the timeline, and the analysis was performed from the perspective of the Brazilian Unified National Health System (SUS). A budget impact analysis was also performed for each technology. After a literature search, a Markov model was developed, capable of comparing the use of dexrazoxane in six profiles of patients at risk of developing cardiotoxicity. Use of the drug in children under 5 years of age proved to be the most cost-effective alternative (incremental cost effectiveness ratio - ICER of BRL 6,156.96), followed by use in all patients (ICER of BRL 58,968.70). If the price decreased to less than BRL 250.00 per vial, the alternative of using the drug in all children would become the most cost-effective. The budget impact at 5 years was BRL 30,622,404.81 for use only in children under 5 years of age. Using the technology in all the children could produce an incremental impact of BRL 94,352,898.77.

Documentos Relacionados