Avaliação dos resultados do atendimento de pacientes em parada cardiorrespiratória no ambiente pré-hospitalar pelo Serviço de Atemdimento Móvel de Urgência (SAMU) de Porto Alegre

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, principalmente por doença cardíaca isquêmica. Parcela expressiva desses óbitos ocorrerá na comunidade, de forma súbita e silenciosa. Estima-se que de cada cem pacientes que recebam ressuscitação cardiopulmonar em ambiente não hospitalar, seis tem alta hospitalar. A cada minuto de retardo para o tratamento a probabilidade de sobreviver diminui de 7 a 10%. A sistematização do atendimento através dos conceitos de Corrente da Sobrevivência, Suporte Básico e Suporte Avançado de Vida em Cardiologia têm contribuído para melhora dos desfechos. O rápido inicio de ressuscitação cardiopulmonar e o fornecimento de choque desfibrilatório são fatores fundamentais para o sucesso do atendimento. O "International Liaison Committee on Resuscitation" (ILCOR), entidade que congrega os principais comitês de ressuscitação do mundo, propôs diretrizes para o tratamento e definiu os principais indicadores a serem monitorados para avaliação e aperfeiçoamento dos resultados em ressuscitação pré-hospitalar. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi implementado no Brasil em 2002. Os resultados imediatos deste tipo de atendimento em nosso meio são pouco conhecidos. O presente estudo tem como objetivo avaliar a sobrevida dos pacientes em parada cardiorrespiratória (PCR) no ambiente não-hospitalar atendidos pelo SAMU de Porto Alegre e seus preditores clínicos. Realizamos estudo observacional prospectivo com pacientes em parada cardiorrespiratória (PCR) não traumática atendidos pelo SAMU na cidade de Porto Alegre. Foram incluídos atendimentos consecutivos primários para PCR avaliados pela equipe SAMU Porto Alegre (15 unidades de atendimento sendo 3 avançadas, uma de apoio rápido e as demais unidades básicas). O desfecho primário do presente estudo foi a sobrevida dos pacientes até a alta hospitalar e os desfechos secundários a sobrevida em trinta dias e a sobrevida neurologicamente favorável com escore do Cerebral Performance Category (CPC) I ou II na alta hospitalar. No período em estudo (Janeiro a Outubro de 2008), foram realizados 593 atendimentos por parada cardíaca não traumática com 260 pacientes sendo submetidos à ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Dos pacientes inicialmente submetidos à RCP, em 52 (20%) houve sucesso inicial da reanimação, com 16 pacientes vivos no trigésimo dia (6%) e 10 tendo alta hospitalar (3,5%). A avaliação neurológica funcional realizada na alta verificou escore CPC 1 ou 2 em 6 pacientes (2,3% do grupo que recebeu RCP). A ocorrência da parada cardíaca no domicilio associou-se inversamente com a sobrevida tanto no trigésimo dia (p = 0,001) quanto na alta hospitalar (p = 0,02). A presença de ritmo ¿chocável¿ mostrou-se associada à sobrevida aos 30 dias (p = 0,008), mas não na alta hospitalar. Aos 30 dias, tanto o intervalo tempo resposta, quanto tempo do colapso até o início da RCP foram significativamente menores em sobreviventes. Na alta hospitalar, apenas o tempo do colapso até o início da RCP esteve associado com sobrevida. Em análise multivariada, permaneceram como preditores independentes de mortalidade em 30 dias a presença de ritmo cardíaco inicial que permitisse choque elétrico (razão de chance [RC] de 0,28 e intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,10 a 0,81; p = 0,02) e PCR no domicílio (RC de 3,0 e IC 95% 1,04 a 8,7; p = 0,04). Nossos dados permitem concluir que o atendimento pré-hospitalar de paciente em PCR na comunidade atendidos pelo SAMU de Porto Alegre tem resultados limitados, porém equiparáveis a muitas outras localidades internacionais. A monitoração destes resultados é passo inicial fundamental para o aprimoramento deste sistema de atendimento.

ASSUNTO(S)

parada cardíaca serviços médicos de emergência ambulâncias avaliação de resultados (cuidados de saúde)

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