Avaliação dos marcadores sorologicos utilizados no imunodiagnostico da toxoplasmose aguda adquirida

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O diagnóstico da toxoplasmose aguda adquirida é, freqüentemente, baseado na detecção de anticorpos específicos IgM anú-T.gondii e/ou elevação significativa dos títulos de anticorpos IgG. Entretanto, a elevada ocorrência de altos títulos de IgG anti-T. gondii em pessoas sadias e a persistência, em alguns casos, dos anticorpos IgM por muito tempo após infecção com o parasita pode dificultar a interpretação dos resultados dos testes sorológicos quando se suspeita de toxoplasmose aguda. Em nosso primeiro estudo, são apresentados os resultados da detecção de anticorpos específicos da classe IgA e da determinação da avidez dos anticorpos IgG em amostras seqüenciais de soros de um paciente apresentando níveis significativos de anticorpos IgM anú-T.gondii durante sete anos após o início dos sintomas clínicos da toxoplasmose. Os anticorpos IgA foram quantificados por uma técnica de ELISA de captura (ETI-TOXOK-A). O paciente ainda apresentou um resultado positivo (>10 UA/ml) em uma amostra de soro coletada dois anos após o inicio das manifestações clínicas. A avidez dos anticorpos IgG foi determinada com o sistema Falcon assay screening test (F.A.S.T.®) - ELISA, utilizando somente uma diluição da amostra de soro. índices de avidez compatíveis com uma infecção aguda foram encontrados nas amostras de soros obtidas durante os cinco primeiros meses após o início dos sintomas clínicos. O objetivo do segundo estudo foi avaliar vários marcadores sorológicos para o diagnóstico da toxoplasmose aguda adquirida, tais como a detecção de anticorpos IgA e IgE anti-T. gondii, o teste de aglutinação diferencial (AC/HS) e os testes baseados na determinação da avidez dos anticorpos IgG. Foram testadas, num total de 64 amostras de soros, 31 amostras de soros de pacientes com infecção adquirida recentemente e 33 amostras de soros de pacientes com infecção crônica. Os anticorpos IgA foram quantificados por meio de dois "kits" de ELISA de captura (Platelia® Toxo-IgA e ETI-TOXOK A) e um "kit" de ELISA automatizado (IMx Toxo-IgA). Níveis de anticorpos IgA compatíveis com infecção recente foram detectados em todas as amostras de soros dos pacientes com toxoplasmose aguda, com os três "kits". Por outro lado, a análise das amostras de soros dos 33 pacientes com toxoplasmose crônica mostrou que níveis significativos de anticorpos IgA podem ser detectados com alta freqüência durante a fase crônica da infecção, com os três "kits". Anticorpos IgE anti-T. gondii foram detectados, pela técnica de imunocaptura-aglutinação (ISAGA), em 26 (84%) dos 31 pacientes com toxoplasmose aguda e em duas amostras de soros de pacientes com toxoplasmose crônica coletadas mais de um ano após o início das manifestações clínicas. Vinte e nove (94%) dos 31 pacientes com infecção aguda e 15 (45%) dos 33 pacientes com infecção crônica apresentaram, no teste AC/HS, um padrão compatível com toxoplasmose aguda. A avidez dos anticorpos IgG anti-T. gondii foi determinada por dois métodos diferentes. Um dos métodos, utilizando o "kit" comercial Platelia Toxo-IgG, foi baseado na titulação de cada amostra de soro e cálculo dos títulos, com e sem o tratamento com uréia, em relação a um valor de "cut-off" definido. No outro método, utilizando o sistema F.A.S.T.- ELISA, foi feita apenas uma única diluição da amostra de soro, e foram comparadas as absorbâncias das reações na presença e ausência de uréia. Todas as 31 amostras de soros de pacientes com infecção aguda apresentaram índices compatíveis com toxoplasmose aguda pelo método de titulação, ao passo que, com o método de diluição única, 4 destas amostras apresentaram resultados duvidosos, mostrando que o método de titulação das amostras foi mais sensível para o diagnóstico de infecção recente. Resultados semelhantes foram obtidos no grupo de 33 pacientes com toxoplasmose crônica pelos dois métodos; apenas uma amostra de soro apresentou um índice de avidez não compatível com a fase crônica, pelo método de titulação. Os resultados obtidos no presente estudo mostraram que os marcadores sorológicos, atualmente utilizados para o diagnóstico da toxoplasmose aguda adquirida, possuem limitações significativas. Nossos dados sugerem que a determinação da avidez dos anticorpos IgG anti-Z gondii, principalmente pelo método de titulação das amostras de soros, pode ser bastante útil para um diagnóstico mais confiável do estágio em que se encontra a infecção, nos pacientes que apresentam níveis significativos de anticorpos IgM

ASSUNTO(S)

toxoplasma gondii reações antigeno-anticorpo sorologia

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