Avaliação do manejo pos-natal das hidronefroses diagnosticadas no periodo pre-natal / Luiz Henrique Pereira

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O modo de apresentação das crianças portadoras de hidronefrose sofreu uma grande mudança com a difusão da ultra-sonografia pré-natal. Estas se apresentavam freqüentemente com massas abdominais, pielonefrites ou dor abdominal e a necessidade de tratamento era óbvia. Numa freqüência cada vez maior, neonatos assintomáticos são encaminhados com achado incidental de hidronefrose na ultra-sonografia pré-natal. Este fato oferece oportunidade única de prevenir infecções urinárias e aliviar obstruções antes do aparecimento de sintomas, porém impõe a responsabilidade de evitar investigações e tratamentos excessivos. Objetivos: avaliar os resultados do manejo pós-natal das hidronefroses diagnosticadas no período pré-natal com o protocolo empregado atualmente, propondo modificações no intuito de minimizar os custos emocionais e financeiros. Sujeitos e Métodos: Os prontuários de 130 pacientes com diagnóstico pré-natal de uropatia fetal, atendidos no ambulatório de Cirurgia Pediátrica do HC-UNICAMP entre Janeiro de 1995 e Dezembro de 2002, foram revistos. Foram incluídos no estudo 57 pacientes com hidronefrose, sem alterações ureterais, vesicais e uretrais, com diagnóstico de provável obstrução da junção ureteropiélica. O acometimento bilateral ocorreu em 20 pacientes e um total de 77 unidades renais foi disponível para análise. Sessenta unidades renais foram tratadas conservadoramente e acompanhadas através de exames periódicos (DTP , DMSA e Ultra-sonografia), sendo indicado pieloplastia retardada nos casos de piora da função diferencial, da hidronefrose ou aparecimento de sintomas. Catorze unidades renais foram submetidas a pieloplastia imediata: 7 por função diferencial <40%, 6 por padrão obstrutivo bilateral e 1 por padrão obstrutivo em rim único. Pielostomia foi realizada em 3 unidades com função diferencial <10%. Resultados e Conclusões: As unidades renais acompanhadas conservadoramente evoluíram com estabilidade ou melhora da função renal e da hidronefrose em 90% dos casos, no tempo médio de seguimento de 29 meses. A necessidade de pieloplastia retardada ocorreu em 10% das unidades renais, sendo que em apenas uma unidade por deterioração da função renal. Houve uma tendência à redução do grau de HDN nas unidades renais acompanhadas conservadora ou cirurgicamente, embora 58% das unidades tratadas cirurgicamente ainda apresentem HDN moderada. A HDN leve na USG inicial apresentou associação significativa com evolução sem necessidade de cirurgia imediata ou retardada, padrão não-obstrutivo (DTP A) e função diferencial>40% (DMSA). o padrão de eliminação não-obstrutivo no DTP A inicial apresentou valor preditivo negativo de 97,5% e o padrão obstrutivo apresentou um valor preditivo positivo de 33% nas unidades renais acompanhadas conservadoramente. As unidades com padrão indeterminado evoluíram sem necessidade de cirurgia. A pieloplastia nas unidades renais com função diferencial <40% promoveu uma melhora da drenagem, mas não da função. A pielostomia não promoveu melhora da função e a nefrectomia parece ser mais adequada na abordagem inicial. A pieloplastia apresentou um índice de complicações de 20%, que requereram novas intervenções. o número de exames empregados no atual protocolo de manejo pós-natal das HDN diagnosticadas no período pré-natal pode ser consideravelmente reduzido sem prejuízo para os pacientes

ASSUNTO(S)

rins - doenças - tratamento cuidado pre-natal

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