Avaliação do esvaziamento gastrico de liquidos em ratos com lesão neurologica hipoxico-isquemica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A associação de alterações da motilidade gastrointestinal e crianças neuropatas tem sido relatada com freqüência nas últimas duas décadas. Isto se deve a dificuldade de alimentação que estas crianças apresentam, associada ao grau severo de desnutrição, vômitos recorrentes e pneumonias de repetição. Por muito tempo, acreditou-se que estas complicações fossem decorrentes do refluxo gastroesofágico, muito comum nestes pacientes. Porém, o tratamento clínico ou cirúrgico destes pacientes apresenta resultados insatisfatórios em relação às crianças neurologicamente normais, com um alto índice de complicações e recorrência dos sintomas no pós operatório em até 50% dos casos. Na tentativa de buscar explicações para estes resultados, vários cirurgiões pediátricos, pediatras e gastropediatras iniciaram estudos para avaliação da motilidade esofágica, gástrica e intestinal, para compreender qual ou quais fatores adicionais estariam envolvidos no quadro clínico destas crianças neuropatas com vômitos recorrentes, desnutrição e pneumonias de repetição. Objetivos: avaliar o efeito da lesão neurológica hipóxico-isquêmica no esvaziamento gástrico de líquidos em ratos. Método: foram utilizados cento e treze ratos Wistar machos, com seis semanas de idade, pesando entre 100 a 150 gramas, provenientes do Biotério Central da Unicamp. Os animais foram submetidos a um período de adaptação, com água e ração ad libitum e ciclo artificial claro escuro. Os animais foram separados em dois grandes grupos: precoce e tardio para estudo do esvaziamento gástrico, no 3? e 14 dias após a lesão neurológica. Estes dois grupos foram subdivididos aleatoriamente em três subgrupos: CONTROLE (animais sadios), SHAM (animais submetidos à cirurgia simulada) e EXPERIMENTO (animais submetidos à lesão neurológica hipóxico-isquêmica). Os animais do subgrupo EXPERIMENTO foram submetidos à cervicotomia esquerda e ligadura da artéria carótida esquerda e após, recuperação anestésica, foram colocados em ambiente restrito com oxigênio a 8%, segundo modelo experimental de Rice. O estudo do esvaziamento gástrico foi indiretamente avaliado pela determinação da porcentagem de retenção gástrica de fenolsulftaleína presente na refeição de prova recuperada do estômago do animal. Resultados e conclusões: após a operação e o período de hipóxia, todos os animais (EXPERIMENTO) apresentavam ptose palpebral esquerda; seis animais com discreta lateralização da marcha; quatro animais morreram, durante a hipóxia; e três apresentaram convulsões após término da mesma. Os animais que apresentaram convulsões foram sacrificados e excluídos do trabalho. Os valores encontrados na determinação da retenção gástrica foram semelhantes entre os animais dos diferentes subgrupos, tanto no período precoce como na avaliação tardia. A administração endovenosa de solução de lipopolissacárides de Escherichia coli provocou retardo do EG de forma semelhante em todos os animais. A média do peso cerebral dos animais mostrou diferença estatisticamente significativa nos animais do grupo tardio, com redução do peso cerebral, e sugerindo atrofia cerebral. O estudo histológico do cérebro dos animais submetidos à lesão neurológica mostrou alterações neuronais difusas em córtex, hipocampo e núcleos da base. Embora não tenhamos observado alterações do EG nos animais submetidos à lesão neurológica neste estudo, muitas dúvidas persistem. A compreensão do efeito das lesões hipóxico-isquêmicas sobre o trato gastrointestinal é de fundamental importância para o tratamento da criança neuropata

ASSUNTO(S)

paralisia cerebral nas crianças estomago gastroenterologia pediatrica refluxo gastroesofagico

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