Avaliação do efeito de um modelo de educação para pacientes com diabetes mellitus tipo 2 que não usam insulina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Introdução: A educação faz parte do tratamento dos pacientes diabéticos juntamente com a dieta, os exercícios físicos e o uso de medicamentos. É um processo contínuo que, através da aprendizagem, traduz conhecimentos em ações para o autocuidado. O impacto da educação em diabetes sobre o controle metabólico foi relativamente pouco estudado. Objetivo: Avaliar o efeito de intervenção educativa estruturada de abordagem grupal sobre o controle metabólico em pacientes portadores de Diabetes Mellitus (DM) tipo 2. Métodos: Ensaio clínico randomizado, com duração de 1 ano, em um hospital universitário público. Foram incluídos pacientes ambulatórias com DM tipo 2, não usuários de insulina, alfabetizados. Os pacientes foram subdivididos, de forma randomizada, em 2 grandes grupos: grupo controle (tratamento convencional, com visitas ambulatoriais rotineiras ao médico assistente e à enfermeira) e grupo de intervenção (visitas rotineiras mais intervenção educacional). A intervenção foi um processo educacional estruturado, com 4 sessões semanais, consecutivas, teórico-práticas, em grupos (8- 10 pacientes cada), com 120 minutos de duração cada uma. Foram ministradas por uma enfermeira educadora especialmente treinada, em forma de aulas (nutrição, automonitoramento da glicosúria, exercício, cuidado com os pés e outros tópicos de autocuidado). O tempo de contato com o educador foi de 14 horas no grupo de intervenção durante o ano do estudo. O conhecimento sobre diabetes foi avaliado, através de um questionário, na entrada e após 30 dias (1 mês corrido para os controles e ao final do curso para o grupo de intervenção). No recrutamento e aos 4, 8 e 12 meses, foram avaliados a hemoglobina glicada (teste A1c), peso corporal, a pressão arterial e o perfil lipídico. Resultados: Foram incluídos 104 pacientes, com idade de 59 ± 9,5 anos (31-74), duração conhecida do DM de 10,5 ± 6,70 anos (3- 38), Índice de Massa Corporal (IMC) 29,1 ± 4,4kg/m², relação cintura/quadril (C/Q) de 0,94 ± 0,08 cm e A1C de 6,8 ±1,4 mg / dL. No grupo de intervenção, a A1c foi significativamente mais baixa do que no basal, aos 4 (P = 0,007), 8 (P = 0,009) e 12 meses de acompanhamento (P = 0,04). O grupo controle apresentou um aumento progressivo da A1c até o 8º mês, mantendo-se estável até o fim do estudo. Os valores de A1c, no grupo de intervenção, aos 8 e 12 meses correlacionaram-se significativamente com o número de acertos no teste aplicado aos 30 dias (r = 0,22; P = 0,022 aos 8 e r = 0,23; P = 0,023 aos 12 meses, respectivamente). Ao longo do estudo, em ambos os grupos houve melhora semelhante, significativa, no peso, nos níveis pressóricos, nos níveis de colesterol total e High Density Lipoprotein (HDLColesterol). Conclusão: Em pacientes ambulatoriais com DM tipo 2, participar de um programa estruturado de educação em diabetes, com aulas em grupo, associa-se significativamente com redução dos níveis de A1c a partir de 4 meses, efeito que se mantém significativo até os 12 meses.

ASSUNTO(S)

diabetes mellitus tipo 2 patient education. educação de pacientes health education diabetes mellitus, type 2 group

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