Avaliação do desenvolvimento motor grosso em crianças de 0 a 18 meses de idade: criação de curvas de percentil para a população brasileira

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/01/2012

RESUMO

Profissionais da área de reabilitação infantil no Brasil têm demonstrado crescente interesse pela documentação objetiva do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes. No entanto, grande parte dos instrumentos padronizados de avaliação do desempenho infantil foi desenvolvida na América do Norte, Canadá e Europa. Problemas relacionados ao uso de testes normativos importados vão desde traduções inacuradas a validade sócio-étnica-cultural inadequada. Visando contribuir para a oferta de recursos adequados para avaliação infantil, o objetivo geral desta tese foi descrever o desempenho motor grosso de crianças da região metropolitana de Belo Horizonte/MG, desde o nascimento até a aquisição da marcha independente, para examinar a adequação das normas da Alberta Infant Motor Scale para lactentes brasileiros. Dentro deste propósito, os objetivos específicos foram: 1) caracterizar o desempenho motor grosso de crianças brasileiras na faixa etária compreendida entre zero e 18 meses; 2) comparar o desempenho motor grosso de crianças brasileiras com os dados normativos da amostra de padronização canadense; 3) investigar a relação entre desenvolvimento motor grosso e as condições sociais, representadas pelo índice de desenvolvimento humano (IDH) e Classificação socioeconômica (ABEP). Para alcançar esses objetivos, 660 lactentes foram avaliados com a AIMS, sendo 330 do sexo feminino e 330 do sexo masculino, estratificados em grupos por idade entre zero e 18 dezoito meses, em número proporcional ao grupo canadense original, e agrupadas em três blocos de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) da região metropolitana de Belo Horizonte-MG. Para cada grupo de idade, zero a 18 meses, foi calculado a média do escore total da AIMS e o desvio-padrão. Os dados de cada idade foram comparados com os dados normativos canadenses por meio do student t-test. Lactentes brasileiros apresentaram escores mais baixos nos grupos de idade 1<2 mês (p=0,021), 4<5 mês (p= 0.000), 5<6 mês (p=0.001) e 10<11 mês (p=0.009) e escore mais alto na idade 0<1 mês (p=0.045). A comparação das curvas de percentil (5th, 10th, 25th, 50th, 75th e 90th), investigada com teste binominal, indicou diferenças estatisticamente significativas distribuídas em todas as curvas de percentil. O maior número de diferenças por idade foram observados na curva de percentil 75th, mas, diferenças significativas também foramencontradas no percentil 5th aos 9<10 e 10<11 meses de idade; 10th aos 4<5, 9<10, 10<11meses; 25th aos 4<5, 5<6, 11<12 meses; 50th aos 4<5, 5<6 meses e 90th aos 10<11, 11<12 e 13<14 meses. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre grupos feminino e masculino (exceto na idade 12<13, na qual as meninas apresentaram escore mais alto), entre os três grupos de IDH (exceto no mês 13<14, no qual o grupo IDH médio apresentou maior escore que o grupo IDH alto) e entre os cinco níveis de classificação sócioeconômica ABEP. Conclui-se que, as diferenças encontradas nas curvas de percentil 5th e 10th nos levam a recomendar o uso da curva de percentil apresentada neste estudo tanto para o uso da AIMS na prática clínica quanto em pesquisas científicas com crianças brasileiras.

ASSUNTO(S)

medicina de reabilitação teses.

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