Avaliação do consumo de alimentos sujeitos à fortificação compulsória com ferro das gestantes atendidas no Pré-Natal do Hospital Universitário de Brasília, Distrito Federal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

As gestantes constituem um dos grupos mais vulneráveis à anemia ferropriva. Uma das estratégias de melhor custo-benefício para o controle e prevenção da carência de ferro é a fortificação de alimentos. A partir junho de 2004, vigora a resolução n. 344, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que tornou obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico. Um dos requisitos essenciais para a escolha do alimento a ser fortificado é que ele seja largamente consumido pela população, tendo a vantagem de requerer menos mudanças nos hábitos alimentares, embora não signifique que a educação nutricional e o marketing social devam ser desprezados. Objetivos: Avaliar a percepção sobre a fortificação compulsória e o consumo de seus veículos com ferro das gestantes atendidas no pré-natal do Hospital Universitário de Brasília. Métodos: Dois estudos, sendo um do tipo antes e depois e o outro do tipo transversal. No primeiro estudo, para linha de base foram investigadas 228 gestantes entre maio e agosto de 2004 e outras 228 gestantes, pareadas com o primeiro momento, no mesmo período de 2005. No segundo estudo, foram entrevistadas 369 gestantes do mesmo serviço pré-natal entre abril e maio de 2006. Dados gestacionais, antropométricos, sócio-econômicos, demográficos, comportamentais, consumo e padrão alimentar foram coletados, sendo esses últimos por meio de QFA com 55 itens e 7 intervalos de freqüência. Resultados: O consumo per capita total médio de farinhas foi estimado em 121,7g (98,7-115,8) no 1 momento e 119,5g (93,6-109,5) no 2 momento (entre os momentos p=0,750), com maior contribuição das farinhas de trigo. Os veículos mais consumidos foram o pão francês, os biscoitos, bolo, macarrão e cuscuz de milho. As gestantes do estudo receberiam 19% da IDR em ferro, se a fortificação estiver ocorrendo de acordo com a legislação e o aporte total de ferro no 2 momento seria significativamente maior (p=0,000). Apenas 23,8% das gestantes do segundo estudo definiram o alimento fortificado adequadamente e 19,5% tinham conhecimento sobre a fortificação. Conclusões: A farinha de trigo mostrou-se um bom veículo para um aporte suplementar de ferro. Porém, é necessário um efetivo controle da fortificação, tanto quanto à quantidade de ferro adicionada quanto à qualidade e biodisponibilidade dos compostos de ferro utilizados. O desconhecimento sobre o programa de fortificação observado permite sugerir que a divulgação não foi iniciada e que, juntamente a outras ações de educação nutricional, é necessária para o sucesso da implementação.

ASSUNTO(S)

nutricao nutrição pregnant women fortificação anemia flours ferro (nutrição) food fortification farinhas (nutrição) anemia gestantes mulheres grávidas iron

Documentos Relacionados