Avaliação de subprodutos agrícolas e agroindustriais na alimentação de bovinos / Evaluation of agricultural and agro-industrial by-products for feed for cattle

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este trabalho avaliou o aproveitamento de subprodutos agrícolas e agroindustriais para alimentação de bovinos e foi conduzido em cinco experimentos. No experimento I, 57 subprodutos agrícolas e agro-industriais coletados de diferentes regiões do Brasil foram utilizados para determinar a composição química, digestibilidade in vitro da fibra em detergente neutro (DIVFDN) e nutrientes digestíveis totais (NDT) com o objetivo de agrupar os subprodutos com características nutricionais semelhantes. No primeiro agrupamento, os subprodutos pertencentes ao grupo 1 (G1) apresentaram menor DIVFDN, além do menor teor de NDT, com valores de 42,5% e 38,8%, respectivamente. Um novo agrupamento foi realizado utilizando as seguintes variáveis discriminatórias: proteína bruta disponível (PBD), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e compostos nitrogenados (FDNcp), lignina (LIG), carboidratos não-fibrosos (CNF), DIVFDN e NDT. No intuito de melhor caracterizar os subprodutos do G2, seis subgrupos (SG) foram estabelecidos (SG1 para SG6). Os subprodutos do SG1 tiveram os maiores e os menores valores de LIG (13,1% na MS) e NDT (54,5%), respectivamente. Os subprodutos do SG2 tiveram o maior valor de FDNcp (49,7% na MS), com valor de NDT e DIVFDN superior a 60 e 70%, respectivamente, e de PB inferiores a 20% de MS. Dentre todos os subgrupos, os do SG3 tiveram os maiores valores de NDT (77,2%) e DIVFDN (93,4%) e o menor valor de LIG (2,3% na MS). Entre as variáveis discriminatórias analisadas, o EE foi a que mais influenciou no estabelecimento hierárquico de agrupamento em SG4 (19,0% de EE na MS). Os subprodutos do SG5 tinham maior concentração de CNF (70,7% na MS). Diferente dos demais subgrupos, os subprodutos do SG6 tinham o valor mais elevado da PBD (16,5% na MS). Os subprodutos pertencentes ao G1 apresentam características limitantes para uso na alimentação animal; os subprodutos pertencentes ao subgrupo SG1 devem ser, preferencialmente, utilizados como substitutos parciais de volumosos; os subprodutos dos subgrupos SG2, SG3, SG4 e SG5 devem ser utilizados como substitutos parciais de concentrados energéticos e os subprodutos do SG6 como substitutos parciais de concentrados protéicos. No experimento II objetivou-se avaliar os efeitos da inclusão da fonte (abacaxi, goiaba, mamão, manga e maracujá) e do nível (10 e 30%) de subprodutos de frutas in natura, na dieta de bovinos, em substituição parcial à silagem de milho sobre os consumos e as digestibilidades totais dos nutrientes, produção de proteína microbiana e balanço de nitrogênio, além da predição das frações digestíveis e nutrientes digestíveis totais destes subprodutos. Todos os animais receberam silagem de milho e foi utilizada a mistura uréia/sulfato de amônio (9:1) para que as rações se mantivessem isoprotéicas. Os consumos de matéria seca (MS) (kg/dia), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e nutrientes digestíveis totais (NDT), além da digestibilidade da PB, extrato etéreo (EE) e carboidratos não fibrosos (CNF) foram afetados (P<0,05) pela fonte do subproduto. Houve efeito (P<0,05) para o nível de inclusão dos subprodutos na digestibilidade da PB e EE. Os subprodutos de mamão, manga e abacaxi apresentaram valor energético 23,1; 18,0 e 7,1%, respectivamente, superior à silagem de milho. A fonte do subproduto influenciou (P<0,05) nas excreções urinárias de derivados de purinas totais, purinas absorvidas e nitrogênio microbiano, além da ingestão (g/dia), a excreção nas fezes e na urina (g/dia) dos compostos nitrogenados e o balanço de nitrogênio (g/dia). O nível de inclusão do subproduto na dieta afetou (P<0,05) as excreções urinárias de derivados de purinas totais, purinas absorvidas e nitrogênio microbiano. Os subprodutos de abacaxi sem coroa, mamão e manga têm valor energético superior à silagem de milho e podem substituir parcialmente concentrados energéticos nas dietas de ruminantes, sem prejuízos sobre o consumo, digestibilidade, eficiência microbiana e retenção de nitrogênio. O subproduto de maracujá tem potencial para substituir, parcialmente, volumosos nas dietas de ruminantes, desde que respeitado os níveis de EE. O subproduto de goiaba apresenta limitações para uso em dietas de ruminantes. No experimento III objetivou-se avaliar os efeitos da inclusão da fonte (cacau, mandioca casca, mandioca caule e farelo de glúten de milho) e do nível (10 e 30%) de subprodutos agrícolas e agroindustriais, na dieta, em substituição parcial à silagem de milho sobre os consumos e as digestibilidades totais dos nutrientes, produção de proteína microbiana e o balanço de nitrogênio, além da predição das frações digestíveis e nutrientes digestíveis totais destes subprodutos. Todos os animais receberam silagem de milho e foi utilizada a mistura uréia/sulfato de amônio (9:1) para que as rações se mantivessem isoprotéicas. Os consumos de matéria seca (MS) (em g/kg PV e g/kg PV0,75) e de fibra em detergente neutro (FDN) (em g/kg PV) foram afetados (P<0,05) pela fonte de subproduto. A fonte de subproduto afetou (P<0,05) a digestibilidade do extrato etéreo (EE) e carboidratos não fibrosos (CNF). O subproduto farelo de glúten de milho apresentou valor energético 17% superior à silagem de milho, enquanto, mandioca casca, mandioca caule e cacau apresentaram valor energético 10, 19 e 38% inferior ao valor observado para silagem de milho. A fonte e o nível de subproduto não afetaram as excreções urinárias de derivados de purinas totais, purinas absorvidas, nitrogênio microbiano e eficiência microbiana. A fonte do subproduto afetou (P<0,05) a ingestão (g/kg PV0,75), a excreção nas fezes (g/kg PV0,75) e na urina (g/kg PV0,75 e g/dia) dos compostos nitrogenados e o balanço de nitrogênio (g/kg CMS). O farelo de glúten de milho e a mandioca casca são subprodutos com potencial para substituir, parcialmente, os concentrados energéticos, sem prejuízos sobre o consumo, digestibilidade, eficiência microbiana e retenção de nitrogênio. O subproduto de mandioca caule tem potencial para substituir, parcialmente, volumosos nas dietas de ruminantes. O subproduto de cacau apresenta limitações para uso em dietas de ruminantes. No experimento IV objetivou-se avaliar a acurácia das equações adotadas pelo NRC e Detmann, para estimar o conteúdo energético de subprodutos agrícolas e agroindustriais. Foram avaliados os subprodutos de abacaxi, cacau, dendê, feijão, girassol, goiaba, mandioca casca, mandioca haste, mandioca rama, mamão, manga, maracujá, nabo e farelo de glúten de milho. Todos os animais receberam silagem de milho e foi utilizada a mistura uréia/sulfato de amônio (9:1) para que as rações com os dois níveis de cada subproduto, se mantivessem isoprotéicas. Entre os modelos de predição para proteína bruta digestível (PBad), o modelo Detmann 2 apresentou diferença (P<0,05) pelo teste de hipótese para nulidade conjunta, enquanto as estimativas pelos modelos NRC e Detmann 1 foram similares às obtidas pelas observações in vivo (P>0,05). Para extrato etéreo digestível (EEad), carboidratos não fibrosos digestíveis (CNFad) e fibra em detergente neutro digestível (FDNd) observou se que o modelo proposto pelo NRC, diferiu (P<0,05), pelo teste de significância da hipótese de nulidade conjuntas, existindo melhor ajustamento para o modelo sugerido por Detmann, tendo como conseqüência, o valor P >0,05. No entanto, entre todas as frações digestíveis, a FDNd, foi a que apresentou maior dispersão dos pontos em relação a linha de equalidade. Os modelos do NRC e Detmann podem ser considerados eficientes em predizer nutrientes digestíveis totais (NDT) e energia digestivel (ED), pois as estimativas não diferiram (P>0,05) dos valores observados, contudo também, apresentaram grande dispersão dos pontos em relação a linha de equalidade. Recomenda-se usar os modelos propostos por Detmann para predizer as frações digestíveis da PB, EE e dos CNF em subprodutos agrícolas e agroindustriais. Há necessidade de mais pesquisas para o desenvolvimento de modelos mais adequados para estimar a fração digestível da FDN, já que esta foi a principal limitante para estimativas precisas e acuradas do valor energético de subprodutos agrícolas e agroindustriais. No experimento V objetivou-se avaliar a cinética de degradação in situ, a cinética de produção de gases in vitro e predizer a fibra em detergente neutro digestível (FDNd), a partir dos tempos de incubação, dos parâmetros da cinética de degradação in situ e in vitro, e de equações ajustadas para subprodutos agrícolas e agroindustriais. Foram avaliados os subprodutos de abacaxi, cacau, dendê, farelo de glúten de milho, feijão, girassol, goiaba, mandioca casca, mandioca haste, mandioca rama, mamão, manga, maracujá e nabo. Existiram diferenças (P<0,05) entre os subprodutos na fração potencialmente degradável (B) da FDN e na taxa de degradação da FDN in situ e no volume final dos gases gerados pelos carboidratos fibrosos (VFCF). Existiram diferenças (P<0,05) entre os subprodutos para o período de latência e para a taxa fracional de degradação dos CF in vitro. Existiu equivalência (P>0,05) entre os valores preditos in situ e os observados in vivo de FDNd, no entanto, existiu pouca precisão das estimativas. A degradabilidade nos tempos de incubação in vitro de 30 e 48 horas apresentou equivalência com os valores observados, mas também, não apresentou precisão nas estimativas. As equações ajustadas sem lignina não foram precisas e acuradas para estimar a FDNd de subprodutos agrícolas e agroindustriais. A equação com lignina e com taxa de digestão obtidas pelo método in vitro apresentou estimativas mais precisas. Os subprodutos feijão, mandioca casca e mamão apresentam maior disponibilidade da FDN, enquanto o de goiaba é o de menor disponibilidade da FDN. A fração digestível da FDN pode ser predita pela digestibilidade in vitro da FDN em 30 ou 48 horas de incubação e pelas degradações da FDN obtidas in situ durante 24, 48 ou 72 horas de incubação. Contudo, a melhor predição parece ser obtida com o tempo de incubação in situ de 72 horas. A equação ajustada utilizando as taxas de digestão in vitro ou in situ, permite predizer a disponibilidade da FDN de subprodutos agrícolas e agroindustriais.

ASSUNTO(S)

avaliação de alimentos valor energético nutricao e alimentacao animal resíduos agrícolas e agroindustriais feeds evaluation agricultural and agroindustrial residues energy value

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