Avaliação de programa de psicoeducação em pacientes com transtorno afetivo bipolar

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/02/2012

RESUMO

O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma doença crônica que acarreta graves prejuízos para o paciente e para a sociedade. Embora seu tratamento de primeira escolha seja a farmacoterapia, tratamentos coadjuvantes não farmacológicos são úteis na maximização da eficácia clínica. A psicoeducação é uma modalidade de tratamento que consiste em fornecer ao paciente e/ou familiares orientações acerca de uma determinada condição com o objetivo de melhorar seu prognóstico, visando ao aumento da adesão ao tratamento farmacológico e à prevenção de recaídas. Existem evidências na literatura de que o tratamento, além de ser de baixo custo, é eficiente no manejo e na prevenção da cronificação da doença. O objetivo desta pesquisa foi investigar o impacto de um programa de psicoeducação, em relação a variáveis clínicas, para pacientes com TAB em acompanhamento no Ambulatório de Transtorno Afetivo Bipolar do HC-UFMG. A partir da revisão da literatura, foi sistematizado um programa psicoeducativo, adaptado do programa de Barcelona, para pacientes acometidos pelo TAB. O programa foi dividido em 6 encontros, com periodicidade semanal. Foram selecionados 48 pacientes em tratamento no Ambulatório de Transtorno Afetivo Bipolar do HC-UFMG e alocados em dois grupos, experimental ou controle (27 no grupo experimental e 21 no controle). O grupo experimental recebeu o tratamento psicoeducativo e o tratamento convencional (farmacológico). O grupo controle recebeu apenas o tratamento convencional. Os pacientes foram acompanhados mensalmente durante cinco meses a fim de se avaliar as variáveis clínicas de adesão ao tratamento farmacológico, internações psiquiátricas, episódios de humor e tentativas de suicídio. Dos 48 indivíduos que consentiram inicialmente com a participação na pesquisa, 44 (91,6% da amostra inicial) foram acompanhados mensalmente, de forma que a maioria dos pacientes do grupo experimental (66,7%) frequentou a maior parte ou todas as sessões de psicoeducação (4 a 6 sessões). Ao longo dos 5 meses de acompanhamento após o programa, os escores de sintomas depressivos no grupo que compareceu a 4 ou mais sessões mantiveram-se mais baixos que os do grupo controle, sem significância estatística, no entanto, entre os grupos ao longo do seguimento. A psicoeducação demonstrou benefícios para a redução das taxas de não adesão (p <0,01), assim como redução do número de internações psiquiátricas (p <0,01) e de tentativas de suicídio (p = 0,02). Visto que a psicoeducação, enfim, é uma intervenção de baixo custo e os benefícios são cada vez mais consistentes, é de grande importância o investimento na implantação de programas psicoeducativos na rede pública, oferecendo um espaço não apenas para a comunidade que será assistida, mas também para a formação de profissionais capazes de conduzir esta modalidade de tratamento em outros serviços públicos na área de saúde mental

ASSUNTO(S)

neurociências teses.

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