Avaliação de modelos de predição de complicações clínicas, determinando a importância da variável infecção complexa, em pacientes oncológicos e neutropênicos febris de baixo risco.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Trata-se de estudo prospectivo e observacional, que visa comparar a eficácia dos modelos de predição de complicações clínicas em pacientes neutropênicos febris em centro de referência para tratamento de câncer, avaliando-se o valor da presença ou não da variável infecção complexa à admissão hospitalar. O delineamento deste estudo uniinstitucional seguiu os princípios da declaração de Helsinki, e sua condução obedeceu todos os princípios de boas práticas clínicas, sendo aprovado pelos comitês de ética e pesquisa responsáveis. Foram incluídos todos os pacientes atendidos entre 1 de março e 30 de dezembro de 2004. Os critérios de inclusão foram: neutropenia febril (granulócitos <500/mm3 e temperatura axilar >ou = 38º.) induzidas por quimioterapia e / ou radioterapia, em pacientes com idade maior ou igual que 18 anos, admitidos no Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foram avaliados 60 episódios de neutropenia febril (39 mulheres e 21 homens), mediana de idade de 55 anos (mínimo de 18 e máximo de 82 anos), sendo que 27 (45%) apresentavam idade maior ou igual que 60 anos. Trinta e oito episódios (63%) ocorreram em portadores de doença hematológica, 50% apresentavam neutropenia grave (granulócitos <100/mm3) e a mediana, em dias, da duração da internação foi de 13 dias. Co-morbidades graves foram detectadas em 44 episódios (13% de hipotensão arterial, definida como cifra sistólica inferior a 90 mmHg, 28% tinham algum grau de insuficiência respiratória e 61,7% apresentavam desidratação). Ocorreram nove óbitos, sendo sete relacionados ao episódio de neutropenia febril. Após análise multivariada, a única variável relacionada ao óbito foi a necessidade de cuidados hospitalares intensivos, definida como presença de qualquer das seguintes complicações: hipotensão arterial, insuficiência respiratória, renal ou cardíaca, internação em centro de tratamento intensivo ou sepse. Dezesseis episódios de infecção microbiológica com predominância de germes Gram-negativos (Pseudomonas aeruginosa e E. coli ambos multissensíveis na maioria dos casos). Dos 60 episódios de neutropenia febril, 14 foram classificados como de baixo risco pelo modelo de Talcott (grupo 4) e 24 pacientes pelo modelo de pontuação (score = 21 pontos). A sensibilidade, especificidade, valor preditivo negativo, valor preditivo positivo e acurácia do modelo Talcott foram, respectivamente, 100%, 58,3%, 100%, 78,2% e 83,3% comparadas a 86,1%, 79,2%, 79,2%, 86,1% e 83,3% observadas no modelo de pontuação. Não ocorreu óbito nos pacientes classificados como de baixo risco (ambos os modelos), mas cinco episódios classificados como de baixo risco pelo sistema de pontuação evoluíram com complicações importantes durante tratamento hospitalar para neutropenia febril (falsos baixo risco). Ao se subtrair dos pacientes classificados como de baixo risco, pelo Modelo de pontuação (Score = 21), os pacientes portadores de infecção complexa, observase 17 episódios classificados como de baixo risco por este novo modelo de pontuação ajustado pela complexidade infecciosa (Modelo PACI), não existindo, desta vez, nenhuma necessidade de cuidados hospitalares (verdadeiros baixo risco). A sensibilidade, especificidade, valor preditivo negativo, valor preditivo positivo e acurácia desse novo modelo foram, respectivamente: 100%, 70,8%, 100%, 83,7% e 88,3%. Infecção complexa foi definida como: 1) infecções em órgãos maiores (pneumonia, pielonefrite, gastrenterite, meningite, infecção hepática, osteomielite, xxii pioartrite e endocardite); 2) infecções em partes moles (abscesso perirretal, celulite ou flebite) com dimensão >5cm se não apresentar necrose ou infecções em partes moles com necrose (não importando a dimensão); 3) mucosite oral grau >2; 4) sepse. A utilização dos modelos de Talcott e de pontuação, no nosso meio, prediz com alta sensibilidade e especificidade os pacientes que irão complicar. Entretanto, após utilização do índice de Kappa, para avaliação de concordância, e dos critérios de Landis &Koch, para interpretação deste índice, observou-se que o Modelo PACI foi o melhor modelo a ser aplicado na nossa população de neutropênico febril. Concluindo, o Modelo PACI mostrou-se superior aos demais modelos em uso, apresentando potencial para predizer o tratamento ambulatorial da neutropenia febril induzida por quimioterapia e/ou radioterapia.

ASSUNTO(S)

infecções oportunistas/radiografia decs neutropenia/classificação decs agranulocitose/quimioterapia decs neoplasias/complicações decs hospitalização/tendências decs quimioterapia/efeitos adversos decs infecções oportunistas/complicações decs resultado de tratamento decs agranulocitose/radioterapia decs a oncologia teses agentes antibacterianos/uso terapêutico decs febre/terapia decs neoplasias/radioterapia decs fatores de risco decs infecções oportunistas/quimioterapia decs medição de risco decs neoplasias/quimioterapia decs

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