Avaliação de fatores ergonômicos em operações de extração florestal em terrenos montanhosos na região de Guanhães - MG / Evaluation of the ergonomic factors in operations forest extration in mountainous lands in the region of Guanhães - MG

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O setor florestal brasileiro teve uma grande expansão a partir da década de 90, merecendo lugar de destaque na economia do país. No entanto, o sucesso dos indicadores econômicos não veio acompanhado de melhoria das condições de vida, saúde e trabalho. A extração manual e semimecanizada ainda é utilizada principalmente em regiões montanhosas devido à impossibilidade de entrada de máquinas e falta de equipamentos adequados. Durante a realização destas atividades há grandes riscos de lesões principalmente na coluna e nos membros superiores e inferiores dos trabalhadores florestais. Este estudo objetivou avaliar os fatores ergonômicos das operações de extração florestal em terrenos montanhosos. O estudo foi realizado em uma empresa florestal, localizada no município de Guanhães, MG. Foram estudados 100% dos trabalhadores florestais. Para caracterização do perfil socioeconômico e de saúde dos trabalhadores foi utilizado um questionário baseado no programa nacional de amostra por domicílios, aplicado em forma de entrevista individual. A avaliação ergonômica investigou a temperatura efetiva no ambiente de trabalho, o nível equivalente de ruído, a carga física do trabalho, as posturas adotadas pelos trabalhadores, análise biomecânica e avaliação ergonômica dos tratores. A caracterização da organização de trabalho foi obtida por meio de questionário. Os trabalhadores florestais envolvidos na atividade de extração são predominantemente homens, com idade de 33 anos, casados, têm filhos, residem na zona urbana e em casa própria. Possuem ensino fundamental incompleto, 100% possuem registro na carteira profissional e 66% são sindicalizados. As atividades de extração têm causado impactos negativos sobre a saúde dos trabalhadores, estando os mesmos expostos a situações de vida e trabalho que não contribuem para promoção e manutenção da saúde. A temperatura efetiva média encontrada no local de trabalho foi de 21C. A avaliação do nível equivalente de ruído evidenciou que o trator B opera em melhores condições do que o A, sendo que o nível de ruído (84dB(A)) emitido pelo trator B está dentro do permitido pela legislação brasileira. A extração manual requer grande esforço físico do trabalhador, visto que a carga cardiovascular para as etapas de tombar e empilhar correspondem a 54% e 48% respectivamente, estando superior ao valor recomendado de 40%. A atividade foi classificada como pesada. Para a atividade do ajudante, a carga cardiovascular estava abaixo do recomendado, no entanto, a atividade foi classificada como moderadamente pesada. Durante toda a jornada de trabalho o operador do trator adota posturas incorretas, devido a necessidade de controlar a direção e o implemento. A análise biomecânica evidenciou risco de lesão para as articulações dos cotovelos, coxofemoral e tornozelos dos trabalhadores. O trator B oferece melhores condições ergonômicas de trabalho ao operador, mesmo assim esta máquina não está livre de inúmeras inadequações ergonômicas. A atividade de extração é organizada pela empresa, a jornada de trabalho é superior a 9 horas diária; o tempo de viagem para o trabalho é superior a 3 horas e a extração semimecanizada é a única atividade realizada em equipe. As atividades de extração manual e semimecanizada necessitam de mudanças baseadas em princípios ergonômicos para oferecer melhores condições de trabalho e de saúde aos trabalhadores, promovendo assim o conforto, o bem-estar, a segurança e a produtividade no ambiente de trabalho.

ASSUNTO(S)

forest harvesting colheita florestal ergonomia wood extraction ergonomics extração de madeira manejo florestal

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