Avaliação das artérias carótidas de pacientes chagásicos acometidos por eventos isquêmicos cerebrais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2011

RESUMO

Introdução: A ocorrência de eventos tromboembólicos, particularmente de eventos isquêmicos cerebrais, no curso evolutivo da cardiopatia chagásica crônica, é de grande importância clínica e interesse científico. O mecanismo fisiopatológico cardioembólico é considerado o mais importante. Estudos experimentais demonstraram que a infecção pelo T. cruzi determina lesões inflamatórias em grandes artérias. Metodologia: O presente trabalho realizou avaliação ecográfica das artérias carótidas de pacientes chagásicos com antecedentes de eventos isquêmicos cerebrais, incluindo a detecção e caracterização de placas ateroscleróticas, medida da espessura médio-intimal e avaliação quantitativa da rigidez parietal. Trata-se de estudo transversal, realizado entre outubro de 2009 e dezembro de 2010, tendo sido selecionados 26 pacientes com cardiopatia chagásica e eventos cerebrovasculares prévios e grupo-controle composto de 26 pacientes com cardiopatia chagásica, sem esses eventos, pareados aos casos por idade, sexo, fatores de risco cardiovascular e gravidade do acometimento cardíaco. Após assinatura do termo de consentimento, os pacientes se submeteram a avaliação clínica, análise dos registros eletrocardiográficos, exame neurológico e classificação dos eventos isquêmicos cerebrais, ecocardiograma transtorácico e estudo ultrassonográfico das artérias carótidas. Resultados: os grupos não diferiram em relação às características demográficas, à classe funcional, à existência de arritmia e aos fatores de risco cardiovascular. A pressão arterial diastólica foi mais elevada nos pacientes com eventos, embora com níveis pressóricos dentro dos limites da normalidade (77,1 ± 8,6 versus 69,8 ± 10,1 mmHg, p=0,043). O tratamento farmacológico somente diferiu em relação ao uso de anticoagulantes orais (maior frequência no grupo de casos, 73% versus 19%, p<0,001). A classificação dos eventos isquêmicos cerebrais evidenciou predomínio de acidentes vasculares cerebrais cardioembólicos (89%), comprometendo a circulação anterior parcial (70%). Os achados à ecocardiografia não diferiram entre os grupos, com exceção de aneurisma apical (maior frequência no grupo de casos, 85% versus 19%, p<0,001) e trombo intracavitário (maior frequência no grupo de casos, 31% versus 0%, p=0,002). As pressões arteriais locais sistólica e diastólica, calculadas a partir da exploração das artérias carótidas comuns direita e esquerda, diferiram entre os dois grupos, sendo mais elevadas entre os pacientes com eventos isquêmicos cerebrovasculares. Conclusão: Demonstrou-se associação entre propriedades elásticas da parede arterial carotídea e a ocorrência prévia de evento cerebrovascular isquêmico em pacientes com cardiopatia chagásica crônica. A rigidez arterial, medida pelas pressões arteriais locais, foi mais elevada entre os casos que em controles com características demográficas e clínicas semelhantes. A prevalência de placas ateroscleróticas e a espessura médio-intimal carotídea não diferiram entre os dois grupos

ASSUNTO(S)

doença de chagas decs cardiomiopatia chagásica decs acidente cerebral vascular decs artérias carótidas decs estudos transversais decs artérias carótidas/ultrassonografia decs placa aterosclerótica decs evolução clínica decs dissertações acadêmicas decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg.

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