Avaliação da toracoscopia em crianças com derrame pleural parapneumônico e fatores agravantes

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O derrame pleural parapneumônico pode ocorrer em cerca de 40% das pneumonias bacterianas em crianças podendo evoluir para empiema em mais de 60%. Há controvérsias quanto à indicação e ao melhor momento para a toracoscopia. O objetivo deste estudo foi avaliar retrospectivamente (1996-2006) 84 crianças com derrame pleural parapneumônico complicado (estágios II e III) submetidas à toracoscopia, no Hospital Felício Rocho. As variáveis estudadas foram complicações e período de hospitalização pós-operatório e suas respectivas relações com idade, percentil de peso, fases do derrame pleural, necrose pulmonar e diagnóstico ultrassonográfico pré- operatório do derrame pleural. A idade variou de 5 meses a 137 meses, com média de 44,49 + 35,13 meses e mediana de 36 meses. Dois grupos de idade foram comparados (pacientes com até 36 meses e pacientes com mais de 36 meses). Cinquenta e um pacientes (60,70%) eram do gênero feminino e 33 (39,30%) do masculino. Quanto ao peso, 61 pacientes (72,60%) apresentavam percentil de peso entre 5 e 95 (adequado para a idade) e 23 pacientes (27,40%) apresentavam percentil inferior a 5. Pacientes com até 36 meses idade, apresentaram maior incidência de anemia (p<0,001), necessidade de hemotransfusão (p=0,014) e de oxigenoterapia (p=0,018) pré-operatórias e maior necessidade de hemotransfusão transoperatória (p=0,028), o que não foi observado no período pós-operatório. Pacientes com percentil de peso inferior a 5 apresentaram maior incidência de anemia (p=0,044) e necessidade de hemotransfusão (p=0,009) pré-operatórias, sem diferença no período pós-operatório e maior incidência de fístula bronco-pleural pós-operatória (p=0,024). Pacientes operados no estágio III apresentaram escape aéreo transoperatório com maior frequência que aqueles no estágio II (p=0,025). Pacientes do estágio II com necrose pulmonar apresentaram maior incidência de anemia pré- operatória do que aqueles sem necrose (p=0,005). Os períodos de hospitalização entre o diagnóstico do derrame pleural e a toracoscopia (DPtoracoscopia) e entre o diagnóstico do derrame pleural e a alta hospitalar (DPalta) foram mais prolongados nos pacientes com idade até 36 meses (p=0,057 e p=0,017, respectivamente) e naqueles com percentil de peso inferior a 5% (p=0,001 e p=0,001, respectivamente). Os períodos de hospitalização, DPtoracoscopia e DPalta foram maiores nos pacientes do estágio III (p=0,0517 e p=0,006, respectivamente), quando comparados aos pacientes do estágio II. O período de hospitalização DPalta foi mais prolongado nos pacientes com necrose no estágio II (p=0,059) e no estágio III (p=0,056), quando comparado aos pacientes sem necrose. O período de hospitalização pósoperatória dos pacientes do estágio II, com necrose, em relação àqueles do estágio II sem necrose foi mais prolongado (p=0,008). Os períodos de hospitalização, DPtoracoscopia e DPalta e de drenagem pleural pré-operatória dos pacientes que não realizaram ultrassonografia pré-operatória foram maiores que aqueles que a realizaram (p<0,001, p<0,001 e p<0,001, respectivamente). Crianças com até 36 meses e com deficiente estado nutricional evoluíram com maior gravidade do derrame pleural parapneumônico complicado e maior período de hospitalização. A maior incidência de anemia pré-operatória com um quadro clínico mais prolongado dos pacientes do estágio II, com necrose, é compatível com doença mais grave. A toracoscopia foi eficaz no tratamento do derrame pleural parapneumônico complicado, independente da idade, estado nutricional, estágio do derrame pleural ou presença de necrose pulmonar.

ASSUNTO(S)

tempo de internação decs toracoscopia decs derrame pleural/ultrassonografia decs derrame pleural/complicações decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg. cirurgia teses. necrose decs oftalmologia teses. dissertações acadêmicas decs estudos retrospectivos decs criança decs

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