Avaliação da satisfação do aluno com deficiência no ensino superior: estudo de caso da UFSCar

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/11/2011

RESUMO

O aumento do número de alunos com deficiência no ensino superior tem levantado questões que, anteriormente, estavam mais centradas na educação básica. Essas questões criam agora uma urgência no ensino superior com relação às estruturas físicas, às práticas pedagógicas, aos recursos tecnológicos e de relacionamento interpessoal. Estudos vêm sendo feitos sobre as barreiras urbanísticas, arquitetônicas e atitudinais e sobre as dificuldades de acesso e permanência, reserva de vagas e outras questões relacionadas à inclusão da pessoa com deficiência no ensino superior. Embora tenham sido encontradas pesquisas que tratam da satisfação do aluno no ensino superior, as questões específicas, e necessárias, do aluno com deficiência estão ausentes. Considerando isto, objetivou-se nesta pesquisa conhecer o nível de satisfação do aluno com deficiência, quanto ao acesso e permanência, através de um instrumento construído para este fim. Para isto, foi escolhida uma instituição de ensino superior que reunisse as características necessárias para testar o instrumento. Dentro deste objetivo, propôs-se identificar o perfil dessa população, o nível de satisfação quanto às estruturas físicas e operacionais oferecidas, o nível de satisfação e atitudes perante os obstáculos, bem como os conhecimentos da legislação sobre acessibilidade e a NBR 9050/2004. É um estudo quantitativo-qualitativo, com ênfase no primeiro; exploratório; correlacional e transversal. A amostra foi composta por 18 alunos, sendo oito deles com deficiência visual, seis com deficiência física, três com deficiência auditiva e um com dificuldades de aprendizagem. O instrumento construído foi denominado de Escala de Satisfação e Atitudes de Pessoas com Deficiência ESA. Em decorrência do tamanho da amostra, as técnicas estatísticas utilizadas foram no sentido exploratório e não inferencial, portanto, as conclusões são restritas. Verificou-se que as médias dos grupos diferenciaram-se de forma estatisticamente significativa (p=0,065) pelo Teste de Friedman, indicando que há diferenças entre a satisfação estrutural, operacional e psicoafetiva e de atitudes frente aos obstáculos, no grupo estudado, a 90% de confiança. No fator Estrutural, 50% da amostra tendem à satisfação, enquanto os demais se posicionam como tendendo a insatisfação e satisfação, com 25% cada. No fator Operacional, dos que responderam aos itens, 25% estão insatisfeitos, 50% tendem a insatisfação e 25% estão satisfeitos. No fator Psicoafetivo, 25% tendem a satisfação e 75% estão satisfeitos. Quanto às Atitudes perante os obstáculos, 25% apresentam uma certa neutralidade ou preferência para a omissão, enquanto 75% têm atitudes positivas. Com relação ao conhecimento da legislação sobre acessibilidade e à norma NBR 9050/2004 da ABNT, observou-se que os participantes da pesquisa, que indicaram não conhecer a norma (aproximadamente 60%), conhecem pouco da legislação sobre acessibilidade. O inverso ocorre para os que conhecem essa norma, ou seja, todos conhecem muito a legislação sobre acessibilidade, apresentando também menor nível de satisfação estrutural. Os participantes com deficiência visual apresentam maior conhecimento tanto da legislação quanto da NBR 9050/2004. Os alunos com deficiência visual e física apresentam níveis menores de satisfação no fator estrutural. Nesse sentido, eles apresentam níveis menores de satisfação no fator estrutural, e os alunos com deficiência auditiva apresentam menores níveis no fator operacional, principalmente na comunicação com os professores e nas aulas. No entanto, os níveis no fator psicoafetivo e no fator atitudes estão na faixa de satisfação, o que compensa os níveis baixos nos fatores estruturais e operacionais. Portanto, esses achados permitem-nos afirmar que a aplicação de um instrumento que mensure a satisfação do aluno com deficiência no ensino superior é viável e útil, no sentido de avaliar o rumo que a universidade está tomando com relação à garantia do acesso e permanência desse alunado.

ASSUNTO(S)

educação especial acessibilidade pessoas com deficiências inclusão escolar inclusão social educacao especial special education satisfaction accessibility higher education students with disabilities

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