Avaliação da perceção de cores no mico-de-cheiro (Saimiri ustus) pelo teste pseudoisocromático de HRR

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A cor não é uma propriedade física dos objetos e luzes, é uma propriedade psicológica da experiência visual. A visão de cores começa com a absorção de luz pelos diferentes fotopigmentos nos cones na retina, que transduzem energia eletromagnética em correntes elétricas que são transformadas em potenciais de ação nas células ganglionares. Após ser transmitida por uma rede de células retinianas, a informação é enviada ao córtex visual via núcleo geniculado lateral em três canais separados de oponência cromática. No córtex, as informações dos três canais são combinadas e permitem a percepção de cores. Os humanos são tipicamente tricromatas e compõe as cores a partir da comparação da informação de três tipos de cones. Existem tricromatas típicos, anômalos e os dicromatas, que comparam a informação de apenas dois tipos de cones. Como a maioria dos platirrinos, os Saimiri possuem visão de cores polimórfica, de forma que todos os machos e as fêmeas homozigotas para o gene da opsina M/L são dicromatas e as fêmeas heterozigotas podem ser tricromatas. Sabe-se que seres humanos e Saimiri possuem picos espectrais com valores próximos. O objetivo do presente estudo foi comparar, através de uma abordagem comportamental, o desempenho de S. ustus e de humanos daltônicos no teste pseudoisocromático de HRR, desenvolvido para avaliar discromatopsias humanas. O HRR consiste de pranchas com a mesma matriz de círculos cinza que variam em tamanho e brilho. Alguns desses círculos são coloridos e formam um símbolo geométrico (X, O ou Δ), que é segregado do padrão cinza do fundo. A identificação (ou não) destes símbolos fornece o diagnóstico da discromatopsia. Foi utilizado um casal adulto da espécie S. ustus. Os animais foram testados em seus próprios viveiros no Centro de Primatologia da UnB sob luz solar natural, empregando-se um paradigma comportamental de aprendizagem discriminativa. Os Saimiri tiveram que escolher entre duas pranchas do HRR: uma só com o padrão cinza e outra com uma figura colorida. O teste foi apresentado 16 vezes, numa seqüência aleatória. O limite superior de confiança de 95% sobre a aleatoriedade foi determinado pelo teste binomial. Os dados dos sujeitos foram plotados na planilha utilizada em humanos e a visão de cores dos Saimiri foi diagnosticada. O macho foi diagnosticado como dicromata protan e a fêmea como dicromata deutan. Para uma abordagem comparada, foi utilizada a mesma metodologia em dois homens jovens diagnosticados como daltônicos pelo teste de HRR. Os resultados mostram que a metodologia é válida para diagnóstico da visão de cores no S. ustus e sugerem que a percepção de cores desta espécie seja parecida com a dos humanos.

ASSUNTO(S)

color perception teste pseudoisocromático hrr hrr pseudoisochromatic test saimiri ustus biologia geral percepção de cores mico-de-cheiro squirrel monkey saimiri ustus

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