Avaliação da mutagenicidade dos extratos de folha e raiz da planta medicinal coccoloba mollis (polygonaceae) em diferentes sistemas-teste

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O uso das plantas medicinais pela população é uma prática antiga e ainda bastante difundida, o que faz com que estudos sobre uma possível atividade mutagênica sejam essenciais. A Coccoloba mollis Casaretto (Polygonaceae) é uma espécie vegetal popularmente pouco conhecida, mas que tem sido utilizada como fitoterápico em Londrina, PR., sendo registrada no “Guia Homeopático da Farmácia Q. curatun” com o nome de “Erva da memória”. Este fitoterápico tem sido relatado como benéfico principalmente em casos de falta de memória e estresse. No presente estudo, os extratos etanólicos de folha e raiz da Coccoloba mollis foram avaliados quanto a um possível efeito mutagênico, citotóxico e indutor de apoptose em sistemas-teste in vitro e in vivo. Para a avaliação in vitro foi utilizada a linhagem hepática de Rattus novergicus (HTC) nos ensaios de citotoxicidade (MTT) e mutagenicidade (Cometa e Micronúcleo com bloqueio de citocinese - MNCtB) e; as linhagens TA98 e TA100 de Salmonella typhimurium no ensaio Salmonella/microssoma. In vivo, a mutagenicidade foi avaliada em sangue periférico de camundongos, também através dos ensaios do Cometa e Micronúcleo. Com os resultados obtidos em todos os experimentos pode-se dizer que o extrato preparado a partir das raízes da C. mollis possui maior toxicidade. Esta toxicidade mostrou-se extremamente alta às linhagens de Salmonella investigadas, TA100 e TA98, especialmente quando acrescido a esta última metabolização exógena (S9). No ensaio MTT, em células HTC, o extrato da raiz mostrou-se citotóxico em concentração dez vezes inferior (a partir de 200 μg/mL) a concentração do extrato obtido das folhas da C. mollis (a partir de 2000 μg/mL). À medida que as concentrações de ambos os extratos aumentam mais células entram em apoptose, sendo a maior concentração testada (200 μg/mL) estatisticamente significativa. Os resultados dos experimentos de mutagenicidade in vitro mostram que nenhuma das concentrações empregadas, de ambos os extratos, foi mutagênica às células HTC no ensaio MNCtB, embora tenha sido detectada genotoxicidade na maior concentração avaliada no ensaio Cometa, sugerindo a indução de danos reparáveis. Praticamente, o mesmo ocorreu no ensaio Salmonella/microssoma, no qual nenhuma das concentrações analisadas do extrato da raiz foi capaz de aumentar significativamente o número de revertentes/placa. Entretanto, o extrato da folha foi capaz de induzir danos no DNA da linhagem TA98, na ausência de S9 na maior concentração testada, embora em potência mutagênica muito baixa. Os experimentos realizados in vivo demonstraram que houve um aumento no número de cometas e micronúcleos observados, porém estes resultados não foram significativos estatisticamente. Os dados obtidos sugerem que apesar da baixa capacidade de indução de danos ao DNA nas condições experimentais realizadas, os extratos da C. mollis, especialmente o obtido das raízes, possuem alta toxicidade e capacidade de indução de apoptose. Assim, o conhecimento dos fitoquímicos presentes nestes extratos aliado à investigação mais detalhada sobre efeitos biológicos da Coccoloba mollis seria importante para a comprovação científica dos efeitos propostos popularmente e para proporcionar uma maior segurança aos usuários desta planta medicinal.

ASSUNTO(S)

plantas medicinais genética vegetal coccoloba mollis - testes de mutagenicidade medicinal plants plant genetics

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