AVALIAÇÃO DA BIOATIVIDADE DE EXTRATOS DE ESPÉCIES VEGETAIS, ENQUANTO EXCIPIENTES DE ALELOQUÍMICOS / BIOACTIVITY EVALUATION OF EXTRACTS FROM VEGETAL SPECIES AS SOURCE OF ALLELOCHEMICALS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

De tempos em tempos a humanidade se depara com novos desafios, diante do esgotamento do potencial científico e tecnológico, no limiar de um novo patamar de desenvolvimento. Na agricultura o novo desafio é produzir mais em áreas cada vez menores, com o mínimo de impacto ambiental e social. A necessidade de substituir os produtos químicos utilizados na agricultura, seja pela ineficiência cada vez maior no controle de pragas, seja pela busca por novas moléculas que atendam às necessidade atuais, impõe à ciência imensos esforços na construção de um novo paradigma ecológico. Visando prospectar espécies vegetais promissoras, como fontes de metabólitos secundários, testou-se, na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, RS) diversos extratos de espécies nativas e exóticas da Região Sul do Brasil, em ensaios de alelopatia, em laboratório (fotofase 14, 25 0,5C) com sementes e plântulas de Lactuca sativa (alface), Bidens pilosa (picão-preto) e Triticum aestivum (trigo-comum), e bioensaios com lagartas (fotofase natural, 25 1C, UR 65 10%) de Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho-domilho) e Ascia monuste orseis (lagarta-da-couve). Objetivando também desenvolver metodologia eficiente, o trabalho foi elaborado em diversas etapas. Os bioensaios básicos de alelopatia ou preliminares, onde participaram 56 espécies em seis experimentos, constaram na aplicação de extratos em dose única (1/3, p/v) em sementes e plântulas de L. sativa, visando selecionar extratos aparentemente mais promissores, ou seja, os de mais alto grau alelopático, seja inibindo, seja estimulando o crescimento e desenvolvimento. Dentre os extratos que causaram efeitos negativos mais drásticos, o da espécie Cymbopogum citratus (capimcidró) proporcionou, através de seu extrato aquoso, nove ensaios de dose-resposta, utilizando-se, como material reagente, sementes e plântulas de L. sativa, B. pilosa e T. aestivum. Por outro lado, dentre as espécies, cujos extratos apresentaram efeitos alelopáticos positivos, a espécie Achyrocline satureioides (marcela) destacou-se das demais, determinando a composição de dez bioensaios de dose resposta com L. sativa, B. pilosa e T. aestivum e um experimento com L. sativa, sob hidroponia. Extratos vegetais supostamente mais promissores como inseticidas compuseram os experimentos de laboratório com lagartas de S. frugiperda, criadas artificialmente, e com lagartas de A. monustge orseis, oriundas do campo. Os testes com S. frugiperda se constituíram em experimentos básicos ou preliminares, totalizando 4 bioensaios, onde foram avaliados extratos de 21 espécies, aplicados sobre os insetos e em mistura com a dieta artificial. Em fase mais avançada, ensaios de doseresposta de extratos de Rollinia silvatica (ariticum) foram conduzidos contra S. frugiperda e A. monuste orseis. Extratos (óleo essencial e extrato aquoso) de R. silvatica foram avaliados em S. frugiperda, através de quatro bioensaios e em A. monuste orseis por três experimentos de laboratório e testes preliminares de campo. O efeito de extratos de Melia azedarach (cinamomo),incorporados às dietas de S. frugiperda, foi avaliado em três experimentos. Os biotestes foram conduzidos em blocos ao acaso e os resultados permitiram concluir que a metodologia utilizada foi altamente eficiente na prospecção de espécies vegetais promissoras como fontes de agentes bioativos e os experimentos mais avançados permitiram avaliar a bioatividade, através de curvas de dose-resposta, resultando na obtenção de informações decisivas para seguir nos processos de identificação de moléculas biocidas e bioestimulantes. C. citratus mostrou ser um poderoso biocida, com características herbicidas, inclusive mostrando efeitos horméticos com doses sub letais. R. silvatica, através de seus extratos, demonstrou conter compostos inseticidas potentes, inclusive agentes com ação neurotóxica. M. azedarach, pelos extratos aquosos de suas folhas, mostrou ser um potente inseticida de ação por ingestão. Por outro lado, A. satureioides, através dos experimentos conduzidos, apresentou características que permitem concluir que seu extrato contém um ou mais produtos com ação inibidora, estimulante e protetora do crescimento e desenvolvimento. Enfim, os resultados obtidos com um número relativamente pequeno de espécies vegetais sugerem a existência de um potencial praticamente inesgotável nas espécies vegetais, na identificação e síntese de novas moléculas, tendo como meta uma agricultura mais sustentável.

ASSUNTO(S)

inseticidas alelopatia controle biologico agricultura pragas agronomia

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