Avaliação da atitude do estudante de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, a respeito da relação médico-paciente, no decorrer do curso médico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O modelo flexneriano de ensino médico, com base no modelo biomédico e no método clínico, tem sido responsabilizado pela perda de idealismo do estudante de medicina e por seu menor envolvimento com o paciente no decorrer do curso médico. A Faculdade de Medicina da UFMG é uma escola médica tradicional no Brasil que, desde 1975, tem um currículo que, pelo menos, tensiona o modelo biomédico tradicional. No entanto, a impressão do dia a dia sugeria que o estudante ao final do curso estava mais preocupado com os casos interessantes do que com a pessoa doente. Este é um estudo transversal que teve como objetivo avaliar a atitude do estudante de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais a respeito da relação médico-paciente, se centrada no médico e na doença ou no paciente, e sua evolução no decorrer do curso médico. Objetivou ainda verificar alguns fatores sóciodemográficos, que de acordo com a literatura, poderiam estar envolvidos com essa atitude. Para isso foram utilizados a escala PPOS ou escala de orientação médico-paciente, traduzida do inglês, e um questionário com variáveis sócio-demográficas. Foram escolhidos para participar do estudo os estudantes matriculados no primeiro, quinto, sétimo, nono, décimo e décimo segundo períodos do curso em agosto de 2004 e presentes à aula no dia da aplicação do questionário. Do total de 958 estudantes matriculados nesses períodos, aproximadamente 800 estavam presentes no momento da avaliação, e 738 responderam ao questionário e à escala. Os resultados mostraram atitudes mais centradas no paciente para as estudantes do sexo feminino do que para os estudantes do sexo masculino no início do curso médico (p= 0,000); mas, ao final do curso, esta diferença deixou de existir (p=0,14). Embora as atitudes ao final do curso, quando comparadas com aquelas do início, tenham sido mais centradas no paciente para a amostra total (p= 0,000), quando se analisaram separadamente estudantes homens e mulheres, esta diferença ocorreu apenas para os homens ( p=0,001) e não para as mulheres (p=0,104). A análise das sub-escalas de compartilhamento do poder e de cuidado mostrou mudança de atitude no decorrer do curso, para atitude mais centrada no paciente ao final, apenas para a sub-escala de poder (p= 0,000). Renda familiar mostrou associação inversa com atitude centrada no paciente (p=0,018), enquanto a opção por especialidades de cuidado básico após a formatura se relacionou com atitudes mais centradas no paciente (p=0,013). Para estudos futuros serão interessantes principalmente a avaliação de comportamento e não apenas de atitude a respeito da relação médico-paciente, a busca de explicações para a evolução relacionada ao gênero, assim como para a interferência da renda familiar. O estudo do tema em outras escolas médicas do Brasil poderá ainda trazer informações sobre a influência de aspectos culturais e aspectos relacionados ao currículo sobre a atitude do estudante a respeito da relação médico-paciente.

ASSUNTO(S)

estudos transversais decs ensino decs currículo decs atitude decs tese da faculdade de medicina. ufmg educação médica decs medicina clínica decs prática profissional decs dissertações acadêmicas decs relações médico-paciente decs estudantes de medicina decs atitude do pessoal de saúde decs

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