Autismo e família : estudo dos aspectos familiares e sociais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O autismo caracteriza-se pelo prejuízo em diversas áreas do desenvolvimento, como habilidades de interação social recíproca e de comunicação, e presença de comportamentos, interesses e atividades estereotipadas. A maioria dos estudos nessa área são voltados para o indivíduo autista, não levando em conta as necessidades específicas de suas famílias.A revisão da literatura mostrou que o tema autismo e família tem sido pouco estudado e apenas abordado nos aspectos relacionados ao estresse vivenciado pelas genitoras e irmãos de crianças autistas. Este estudo teve como objetivo conhecer a dinâmica de famílias que possuem um membro autista, identificando os padrões de relacionamento intrafamiliar e social. Privilegiou-se o referencial da pesquisa qualitativa, utilizando a metodologia do Grupo Multifamiliar. Participaram da pesquisa três famílias com filhos diagnosticados com autismo clássico, com idades de 04, 05 e 31 anos, residentes no Distrito Federal. Inicialmente foi realizada um entrevista com cada família com objetivo de conhecer a história familiar e elaborar o genograma e o ecomapa, com base em roteiro. Em seguida, as famílias participaram de quatro encontros de Grupo Multifamiliar com os seguintes temas: 1 encontro: Momento do diagnóstico e reestruturação familiar, 2 encontro: Tratamento e acompanhamento profissional, 3 encontro: Estresse familiar; 4 encontro: Encerramento. Os dados foram submetidos à análise de conteúdos e discutidos com base no referencial teórico e revisão da literatura sobre o tema. Os dados mostraram que: os pais são as pessoas que convivem e cuidam do membro autista; o acesso das famílias à rede de apoio é dificultado, evidenciando pouca permeabilidade das fronteiras familiares para relacionamentos com outros sistemas sociais; presença de sentimentos negativos no momento do diagnóstico do filho; falta de preparo dos profissionais em diagnosticar e tratar o autista e orientar as famílias; falta de apoio das famílias de origem antes a após o diagnóstico; reestruturação familiar durante as diversas etapas do ciclo de vida; papéis familiares definidos, com possibilidade dos membros assumirem diferentes funções; relacionamento entre os irmãos permeado de cooperação e aceitação do membro autista. Os genitores identificaram estresse familiar relacionado a: sintomatologia do autista, discriminação da sociedade, falta de tempo para si e para se dedicar aos demais membros da família, ausência de lazer. Os recursos que as famílias encontraram para superar o estresse familiar foram: Deus, união, o companheirismo do filho e aquisição de conhecimento sobre o autismo. As dificuldades relacionadas ao tratamento mencionadas pelas famílias foram: locomoção, custos, e opiniões divergentes entre profissionais. Os pontos positivos do tratamento estão associados à mudança e controle do comportamento e às atividades da vida diária do autista. A utilização do grupo multifamiliar promoveu, além da coleta de dados, um espaço para as famílias expressarem seus sentimentos e, sobretudo, as trocas entre os familiares favoreceram a integração e ampliação da rede de apoio das famílias. O método utilizado mostrou-se adequado para se atingir os objetivos propostos e a abordagem sistêmica proporcionou um melhor entendimento sobre a dinâmica das famílias participantes do estudo.

ASSUNTO(S)

ciclo de vida familiar autismo - relações com a família autismo família autismo - aspectos sociais autism, family multifamiliar group ciencias da saude grupo multifamiliar familiar life cycle

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