Atlantic forests fragments in the Rio Grande do Norte State: structural, floristic and phytogeographical relationship / Fragmentos de florestas Atlânticas no Rio Grande do Norte: relações estruturais, florísticas e fitogeográficas.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

O conhecimento das florestas atlânticas brasileiras em seu limite setentrional de distribuição, na transição para as Caatingas, ainda é bastante escasso, sobretudo no Rio Grande do Norte, onde os pequenos e raros fragmentos florestais existentes são quase totalmente desconhecidos ecológica e fitogeograficamente. Supõe-se que esses fragmentos ocorram sobre solos essencialmente arenosos distróficos e profundos e que o gradiente de precipitação seja o principal fator a determinar distintos padrões de vegetação no sentido leste-oeste. Os objetivos deste trabalho são caracterizar florística e estruturalmente o componente arbóreo de quatro fragmentos florestais e estabelecer suas relações com as províncias fitogeográficas com influência local. Foram analisados três fragmentos de florestas semidecíduas e um fragmento de floresta decídua localizados à cidade de Natal, RN, quase alinhados perpendicularmente à linha de costa. Dois fragmentos, um de floresta semidecídua e outro de floresta decídua, foram divididos em um trecho superior e outro inferior em função do relevo. Os solos em cada fragmento foram classificados e caracterizados granulométrica e quimicamente. O método dos quadrantes centrados em um ponto utilizado para amostrar, nas seis áreas, as árvores em pé com perímetro de caule a 1,3 m de altural igual ou superior a 10 cm. Para cada árvore foram considerados: espécie à qual pertence, altura estimada, perímetro (s) do (s) caule (s) e menor distância até o ponto. Os dados foram trabalhados em planilha eletrônica para a obtenção de densidade total, área basal específica e total e frequência, densidade, dominância, valor de importância e valor de cobertura relativos. Foram calculados para cada mata a diversidade H e a equabiblidade J . Para uma mata semidecídua e para a mata decídua foram avaliadas as proporções de espeécies associadas a diferentes províncias fitogeográficas. A comparação entre matas levou em consideração a estrutura, através da altura das árvores, dos diâmetros de caule e das áreas basais, a composição de espécies, envolvendo as similaridades de Sorensen e Czekanowski e a classificação através de dendogramas, construídos utilizando UPGMA. Foram observadas 117 espécies arbóreas no conjunto de matas, sendo 89 nas florestas semidecíduas e 66 na floresta decídua. Fabaceae e Myrtaceae são as famílias mais ricas em espécies. A densidade nas matas varia entre 2403 indivíduo/ha e 1526 indivíduo/ha. As florestas semidecíduas apresentam, em geral, maiorporte e maior área basal (22,29 m2/ha a 39 m2/ha) do que a floresta decídua, com área basal de 15,87 m2/ha. A diversidade varia entre 2,8 e 3,27 nat/indivíduo e a equabilidade entre 0,77 e 0,82 para as florestas semidecíduas, enquanto para a floresta decídua os valores de H são 3,19 e 3,26 nat/indivíduo e de J , 079 e 0,86. A calssificação das matas permitiu a distinção de dois conjuntos florísticos, um composto pelas matas semidecíduas e outro por uma mata decídua. As florestas semidecíduas apresentam a maior proporção de espécies associadas à província Atântica, uma elevada proporção de espécies com ampla distribuição neotropical, sobretudo pelas matas de galeria dos Cerrados e poucos representantes das Caatingas. A floresta decídua apresenta proporções semelhantes de espécie das províncias Atlânticas, das Caatingas e com ampla distribuição neotropical, sendo considerada como vegetação de transição entre as duas primeiras províncias. O gradiente pluviométrico determina a distinção entre florestas semidecíduas e decíduas, enquanto as caracterísiticas edáficas e geomorfológicas são responsáveis pelo estabelecimento de diferentes tipos de florestas semidecíduas. As variãções internas, tanto florísticas quanto estruturais, observadas num dos fragmentos de floresta semidecídua estão associadas ao relevo e ao solo, sendo o trecho superior considerado como uma transição para as savanas dos tabuleiros costeiros, enquanto o trecho inferior, uma transição para as matas de galeria. A floresta decídua apresenta baixa variação estrutural interna, com espécies características de florestas decíduas no trecho topograficamente mais alto e espécies associadas às Caatingas no trecho mais baixo. Os resultados ressaltam a complexidade do mosaico vegetacional na zona de transição entre as províncias Atlântica e das Caatingas no Rio Grande do Norte

ASSUNTO(S)

ecologia florestal floresta estacional semidecidual fitogeografia ecologia ecotones florestais florística comunidades vegetais

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