Atividade citotóxica e pró-apoptótica de antígenos de ancylostoma ceylanicum: Implicações na modulação da resposta imune na ancilostomíase

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A ancilostomíase é uma das doenças parasitárias crônicas de maior prevalência no mundo, com uma estimativa entre 576 e 740 milhões de indivíduos infectados. Estudos da biologia do parasito demonstraram que os ancilostomídeos conseguem sobreviver em seus hospedeiros por vários anos, mesmo diante uma resposta imune robusta, o que representa um forte indicativo da evasão imunológica pelo parasito. Entretanto, devido à escassez de trabalhos voltados para o estudo da resposta celular na ancilostomíase humana e experimental, os mecanismos de evasão desencadeados pelos produtos de excreção/secreção (ES) do parasito, dentre eles a indução de apoptose das células reativas do hospedeiro, não foram ainda completamente elucidados. No presente estudo, avaliou-se, por meio da técnica de MTT e HFS, a viabilidade celular e a fragmentação do DNA respectivamente, de células Jurkat e linfócitos de linfonodos mesentéricos de hamsters infectados por ancilostomídeos e não infectados, após estímulo com diferentes concentrações do antígeno excretado/secretado (ES) e bruto (HEX) de vermes adultos de Ancylostoma ceylanicum. Além disso, avaliamos por citometria de fluxo, através da marcação celular com anexina V e iodeto de propídeo (PI), o perfil apoptótico da população de linfócitos totais e subpopulações CD4+, CD8+ e CD19+ de pacientes infectados por ancilostomídeos e indivíduos não infectados. Por fim, avaliamos por meio da técnica de PCR em tempo real, a expressão de diferentes genes associados com as prováveis vias apoptóticas que estariam sendo ativadas ou moduladas nas células Jurkat pelos antígenos do parasito. Nossos resultados demonstraram uma diminuição significativa no percentual de viabilidade das células Jurkat assim como das células de linfonodos mesentéricos de hamsters controles e infectados, estimuladas com antígenos do parasito, principalmente o antígeno ES, nas concentrações de 50 e 100 g/mL, quando comparadas com células não estimuladas. Além disso, a análise do ensaio de HFS demonstrou um aumento significativo no percentual de células Jurkat e linfócitos de linfonodos mesentéricos de hamsters controles e infectados, com DNA fragmentado, após estímulo com antígenos ES, quando comparado com as células não estimuladas. A análise da marcação celular com Anexina V e PI demonstrou que os pacientes infectados por ancilostomídeos apresentam um aumento do número de linfócitos CD4+, CD8+ e CD19+ em processo de apoptose, quando comparados com indivíduos do grupo controle. A regulação negativa da expressão dos receptores de morte celular da superfamília TNF, assim como a regulação positiva dos genes pró-apoptóticos, associados a família BCL-2, e a família P53, observados pela qPCR, sugere que os antígenos de A. ceylanicum estariam induzindo apoptose celular pela via intrínseca mitocondrial. A partir destes resultados, podemos inferir que os antígenos de A. ceylanicum apresentam um potencial efeito citotóxico e pró-apoptótico para a população de linfócitos T CD4+ e CD8+ e linfócitos B, atuando principalmente no controle do número absoluto e na capacidade proliferativa destas células, contribuindo para modulação da resposta imunológica, e consequentemente, para a sobrevivência do parasito em seu hospedeiro.

ASSUNTO(S)

parasitologia teses. ancilostomiase teses. apoptose teses. resposta imune teses. helmintologia teses.

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