Atividade antiinflamatória, antinociceptiva, e gastroprotetora do óleo essencial de croton sonderianus muell. arg. / Anti-inflammatory, antinociceptive and gastroprotective activities of essential oil from Croton sonderinus Muell. Arg.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O Croton sonderianus, conhecido como marmeleiro-preto, é popularmente empregado no tratamento de hemorragia uterina, dores de estômago, vômitos e diarréia. No presente estudo, o óleo essencial (OECS), extraído das folhas de Croton sonderianus, foi avaliado em modelos animais de inflamação aguda, nocicepção e nos testes de lesões gástricas induzidas por etanol e indometacina; todos os experimentos foram realizados em camundongos machos. Em modelos de inflamação aguda, OECS não foi eficaz em inibir o edema de pata induzido por carragenina, no entanto, indometacina inibiu significativamente o edema. O OECS 200 mg/Kg (v.o.) foi capaz de reduzir o edema de pata, induzido por dextrana, de maneira similar a ciproeptadina, um antagonista H1 e 5-HT. Em adição, OECS 100 e 200 mg/Kg (v.o.) foi capaz de reduzir o edema de orelha induzido pela aplicação tópica de óleo de Croton. Estes resultados sugerem que a atividade antiinflamatória de OECS pode estar relacionada a inibição da liberação de mediadores inflamatórios, tais como histamina e serotonina, mais do que a inibição da síntese e/ou liberação de PGs. O OECS mostrou efeito antinociceptivo no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético, nas doses de 50, 100 e 200 mg/Kg (v.o.), de maneira similar ao AAS. No teste da formalina, OECS (100 e 200 mg/Kg, v.o.) exerceu significativa (p<0,01) atividade antinociceptiva nas duas fases do teste; morfina 7,5 mg/Kg (i.p.) exibiu um significativo (p<0,01) efeito antinociceptivo em ambas as fases. A naloxona 1 mg/Kg (s.c.), um antagonista opióide, não foi capaz de reverter a antinocicepção induzida por OECS 100 mg/Kg (v.o.); contudo, a glibenclamida 2 mg/Kg (i.p.), um antagonista dos canais KATP, reverteu significativamente (p<0,05) a antinocicepção induzida por OECS 100 mg/Kg (v.o.) nas duas fases do teste. Em adição, OECS 50, 100 e 200 mg/Kg (v.o.) exibiu um significativo efeito antinociceptivo no teste da nocicepção induzida por capsaicina; um modelo semelhante a 1 fase do teste da formalina. Naloxona não reverteu a antinocicepção induzida por OECS 100 mg/Kg (v.o.); no entanto, glibenclamida reverteu significativamente este efeito no teste da capsaicina. Estes resultados sugerem a participação dos receptores órfãos do tipo (ORL1) no efeito do OECS; estes receptores possuem 60% de homologia com receptores opióides, são associados à canais de KATP e são sensíveis a glibenclamida, mas insensíveis a naloxona. OECS parece exercer ação analgésica periférica e/ou espinhal mais do que supraespinal, já que OECS não aumentou o tempo de latência à placa quente (51 +/- 0,5 C). No teste do tempo de sono induzido por pentobarbital, OECS falhou em prolongar o período de sono; OECS, também, não alterou a frequência de locomoção dos animais, sugerindo que OECS não exerce atividade antinociceptiva por ação sedativa/depressora do SNC. Nas lesões gástricas induzidas por etanol, OECS 50 e 200 mg/Kg (v.o.) inibiu as lesões de maneira similar a capsaicina 5 mg/Kg (v.o.), um estimulante da produção de muco, e a NAC 750 mg/Kg (v.o.), um antioxidante celular. O OECS 50 mg/Kg (v.o.) reduziu lesões gástricas, induzidas por indometacina 20 mg/Kg, v.o., de maneira similar a cimetidina 100 mg/Kg (v.o.), um antagonista H2. O OECS não alterou o trânsito intestinal e, também, não alterou padrões fisiológicos ou comportamentais e não induziu mortalidade, aos animais, no modelo de toxicidade aguda. Em conclusão, OECS exerceu atividade antiinflamatória, antinociceptiva e gastroprotetora; os dados obtidos no presente estudo, adicionados aos dados da literatura, sugerem que guaiazuleno, beta-cariofileno e 1,8-cineol possam estar contribuindo para os efeitos farmacológicos observados com o OECS.

ASSUNTO(S)

antiinflamatórios Óleos voláteis farmacologia mediação da dor nociception mediation croton mediadores da inflamação - farmacologia ulcer ulcera gástrica - terapia Úlcera croton inflammatory mediators-pharmacology

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