Aterosclerose no Lúpus Eritematoso Sistêmico: fatores de risco para doença arterial coronariana e alterações ateroscleróticas ultra-sonográficas em carótidas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: Pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) apresentam freqüência aumentada de aterosclerose clinicamente manifesta e, também, de aterosclerose subclínica. Fatores de risco tradicionais para doença arterial coronariana e características do próprio lúpus parecem estar associados à aterosclerose nesses indivíduos. Objetivos: Determinar a freqüência da doença cardiovascular manifesta e dos fatores de risco tradicionais para doença arterial coronariana em pacientes com LES acompanhados no Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da UFMG. Determinar a freqüência de placa aterosclerótica e a espessura média-intimal (EMI) da parede de carótidas nesses pacientes, avaliando a associação entre alterações ateroscleróticas subclínicas, os fatores de risco tradicionais e características do LES. Métodos: Trata-se de um estudo transversal. Foram incluídos consecutivamente pacientes que preenchiam os critérios de classificação para LES, segundo o Colégio Americano de Reumatologia, e maiores de 18 anos. A pesquisa de doença cardiovascular aterosclerótica, fatores de risco tradicionais e manifestações clínico-laboratoriais e de tratamento do lúpus foram realizadas por revisão em prontuários e entrevista e exame físico com os pacientes. A pesquisa de placa aterosclerótica e a medida da EMI foram realizadas pela ultrasonografia. Resultados: Foram avaliados 172 pacientes (mulheres: 95,9%, cor não branca: 64,5%), com média de idade de 38,5 anos (desvio padrão: 11,2 anos). Identificou-se doença cardiovascular em oito pacientes (4,7%), com onze diagnósticos diferentes. Três apresentaram evento coronariano, três acidente vascular cerebral isquêmico e cinco doença arterial periférica. O fator de risco mais freqüente foi hipertensão arterial sistêmica (48,8% dos indivíduos estudados), seguido pela dislipidemia em 70 pacientes (40,7%) e hipertrigliceridemia em 51 (29,7%). O colesterol de baixa densidade (c-LDL)>100mg/dl foi encontrado em 77 (44,8%) pacientes. Dentre as 165 pacientes do sexo feminino, 67 (40,6%) encontravam-se na pós-menopausa, sendo que 43,3% tiveram o diagnóstico de menopausa precoce. A freqüência de placas ateroscleróticas foi de 9,3%. A mediana da EMI foi 0,60mm (intervalo interquartil: 0,540,71mm). Houve associação significativa (p<0,05) entre placa e idade, história familiar, c-LDL>100mg/dl, hipertrigliceridemia, diabetes mellitus, hipertensão arterial, tabagismo, menopausa, número de fatores de risco e escore de Framingham, idade ao diagnóstico, tempo de doença, manifestações mucocutâneas e tempo de uso da prednisona. Diagnóstico de nefrite, uso de imunossupressores, metilprednisolona endovenosa em pulso e maior dose média de prednisona associaram-se à ausência de placas, análise univariada. Tabagismo (p=0,004), c-LDL>100mgdl (p=0,044), escore de Framingham (p=0,006) e ausência de uso de imunossupressores (p=0,032) associaram-se de forma independente à presença de placa aterosclerótica. Houve correlação independente entre EMI e idade (p<0,001) e tempo de uso de prednisona (p=0,020). Conclusões: Doença cardiovascular manifesta foi encontrada em baixa freqüência na amostra de pacientes estudados. Aproximadamente 74% dos pacientes apresentavam algum fator de risco tradicional para doença arterial coronariana, sendo a hipertensão arterial sistêmica o fator de risco mais freqüente. O presente sugere que os níveis de c-LDL deveriam ser mantidos abaixo de 100mg/dl e que a imunossupressão está associada à menor chance de aparecimento de aterosclerose em carótidas nesses indivíduos.

ASSUNTO(S)

arteriosclerose coranária decs vasos coronários decs aterosclerose decs doenças cardiovasculares decs lupus eritematoso sistêmico decs fatores de risco decs doenças das artérias carótidas decs clínica médica teses. dissertação da faculdade de medicina ufmg dissertações acadêmicas decs

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