Associação de morfina e clonidina na anestesia peridural caudal com Bupivacaína: Estudo prospectivo randomizado duplo cego

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O adequado tratamento da dor pós-operatória tem sido de fundamental importância nos cuidados com o paciente cirúrgico. Em crianças, as limitações para esse tratamento são muitas, inclusive pela dificuldade em se avaliar a intensidade da dor. Entre as técnicas de analgesia direcionadas para esse grupo de pacientes, a anestesia peridural caudal se destaca pelos bons resultados e favorável relação risco- benefício. Muitos anestésicos locais e drogas adjuvantes vêm sendo investigados para uso nessa técnica, visando melhorar a qualidade da analgesia e reduzir os efeitos adversos. O objetivo principal do presente trabalho foi investigar a eficácia da associação de morfina e clonidina à bupivacaína administrada por via peridural caudal. Secundariamente, avaliou-se o comportamento do bispectral index (BIS) em crianças submetidas a anestesia geral com isoflurano, combinada com anestesia peridural caudal. Neste estudo prospectivo, randomizado e duplamente encoberto, foram incluídos 80 pacientes de um a 10 anos de idade, de ambos os sexos, submetidos a cirurgias urológicas ou genitais. Eles foram divididos, aleatoriamente, em quatro grupos, nos quais foi administrado 1,0 mL/kg de quatro diferentes soluções por via peridural caudal: bupivacaína 0,166% com adrenalina (grupo B), bupivacaína 0,166% com adrenalina associada a 20 µg/kg de morfina (grupo BM), bupivacaína 0,166% com adrenalina associada a 1 µg/kg de clonidina (grupo BC) e bupivacaína 0,166% com adrenalina associada a 20 µg/kg de morfina e 1 µg/kg de clonidina (grupo BMC). No transoperatório foram analisados frequência cardíaca (FC), pressão arterial média (PAM), BIS, fração expirada de isoflurano e uso de fentanil. No pósoperatório foram investigados intensidade da dor, consumo de analgésicos e incidência de efeitos adversos. Para avaliação da dor, utilizou-se a escala comportamental FLACC (Face, Legs, Activity, Cry and Consolability) e a escala de faces Wong-Backer. No transoperatório não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos em relação a FC, PAM e BIS e concentração média expirada de isoflurano. Apenas três pacientes utilizaram fentanil endovenoso durante a anestesia, não havendo diferença estatística entre os grupos. Os escores de dor e o tempo de duração da analgesia foram semelhantes entre os grupos. Pacientes que utilizaram morfina por via caudal (grupos BM e BMC) mais raramente necessitaram usar analgésicos no pós- operatório (p=0,024), porém apresentaram maior incidência de náusea e vômitos (p=0,025). O BIS correlacionou-se melhor com a concentração expirada de isoflurano do que com os dados hemodinâmicos e apresentou grande variabilidade individual, com valores mais elevados em crianças mais novas. Concluindo, não se verificou benefício em se adicionar morfina, clonidina ou ambas, nas doses testadas, à bupivacaína 0,166% na anestesia peridural caudal visando à analgesia pósoperatória em cirurgias urogenitais pediátricas. Em crianças, principalmente as mais novas, o uso do BIS pode ser limitado devido à variabilidade e aos limites imprecisos.

ASSUNTO(S)

bupivacaína/uso terapêutico decs cirurgia teses. oftalmologia teses. cirurgia teses. anestesia caudal decs analgesia/utilização decs morfina/uso terapêutico decs clonidina/uso terapêutico decs dissertações acadêmicas decs oftalmologia decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg. adjuvantes anestésicos/uso terapêutico decs

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