Assistência multiprofissional em Unidades de Terapia Intensivas Neonatais acreditadas em nível de excelência

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/08/2012

RESUMO

A sobrevivência das organizações em um mercado globalizado e competitivo é, indiscutivelmente, um grande desafio para as organizações da área de saúde. Os sistemas de gestão com foco na qualidade são hoje expressamente utilizados, almejando o potencial competitivo e o êxito institucional para a redução de custos e o incremento do lucro. Observa-se forte mobilização em torno da aplicação dos programas de qualidade nas organizações hospitalares, de modo a otimizar a gestão de pessoas e melhorar a eficiência dos serviços. O processo da acreditação é uma estratégica da alta administração. Tal decisão política é repassada aos profissionais em todos os níveis de hierarquia para a operacionalização e o cumprimento do objetivo idealizado. Os profissionais de saúde desempenham papel de destaque na implementação dos processos de avaliação de qualidade. Suas práticas discursivas e sociais refletem o cotidiano de trabalho e o direcionamento das ações para o atendimento das necessidades dos pacientes, principalmente quando se trata de crianças gravemente enfermas da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, já que imprimem eficiência aos serviços. O comportamento dos profissionais pode interferir na maneira como cada serviço experimenta o processo, com influência na diminuição ou no aumento da adesão do progresso da gestão da qualidade. Embora a acreditação hospitalar se apresente para muitos gestores como uma ideologia da qualidade legitimada e estruturada por regras e normas, os sujeitos devem ser valorizados, notadamente, no que se refere ao discurso das práticas cotidianas, e não somente sob o prescrito nas estruturas. Pretende-se com este estudo analisar a configuração da prática discursiva sobre processo de acreditação na equipe multiprofissional em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais acreditadas em nível de excelência. Optou-se por uma abordagem qualitativa, com utilização do referencial teórico pós estruturalismo. A pesquisa foi desenvolvida com profissionais de saúde que exercem suas atividades em duas Unidades de Terapia Intensiva Neonatais distintas, ambas acreditadas em excelência, por meio de entrevistas com roteiro semi-estruturado. Os resultados apreendidos das práticas discursivas dos sujeitos mostraram que as duas Unidades analisadas apresentam mais semelhanças que divergências, apesar de possuírem histórias e trajetórias diferentes. Obtiveram o título de acreditação em excelência em momentos distintos e apresentam um cenário permeado por lacunas e deficiências, principalmente, no que tange à divergência entre o prescrito no Manual de Acreditação e o real vivenciado cotidianamente pelas equipes multiprofissionais. Notou-se que, inicialmente, os profissionais confiaram na proposta e investiram no preparo e no processo de acreditação, apostando na mudança, apesar da pressão. Porém, depois de sucessivas avaliações, houve perda de motivação e valorização da iniciativa por aqueles que operam o sistema. Detectou-se, também, um processo de trabalho fragmentado e mecanizado, com concentração do planejamento e da tomada de decisão nos líderes setoriais, além da diferença do engajamento entre as categorias profissionais. Ressalta-se que a realidade apurada é muito diferente da preconizada para a acreditação hospitalar de manutenção contínua da qualidade. O processo de preparo para a avaliação mostra-se concentrado nos momentos que antecedem a visita dos avaliadores e subvalorizado nos intervalos entre as avaliações, o que gera desmotivação e desconfiança entre os profissionais. Confirma-se, assim, a tese dos críticos da gestão da qualidade, que a comparam ao modelo taylorista, apontando que o novo processo proporciona apenas outro rótulo, e não mudança na realidade. Frisa-se que o propósito da análise do estudo não foi desaconselhar o uso da estrutura normativa nem mostrar o sistema da qualidade como indesejável. Pretendeu-se, em Assistência Multiprofissional em Unidades de Terapia Intensivas Neonatais Acreditadas em Nível de Excelência verdade, apontar para a necessidade de refletir acerca das práticas discursivas dos profissionais sobre a acreditação hospitalar nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, pois é um importante indicador qualitativo da postura dos sujeitos que a colocam em prática na ponta do sistema perante a clientela. Concluiu-se que as práticas discursivas não condizem com a teoria difundida pela gestão da qualidade e que há grande distância entre a qualidade preconizada e a real, isto é, aquela colocada em prática. No plano geral observou- se a necessidade de promover a reestruturação dos processos de trabalho na Unidade, com base em estratégias e ferramentas de gestão e na valorização da subjetividade dos trabalhadores, a fim de preencher a lacuna entre o prescrito no Manual de Acreditação e a real assistência oferecida pela equipe multiprofissional.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses.

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