Assinaturas icnológicas em depósitos glaciogênicos do grupo Itararé no RS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A revisão icnotaxonômica da paleoicnofauna Grupo Itararé no RS revelou a presença de uma icnofauna dominada por trilhas de artrópodes, com impressões de repouso e pistas de deslocamento intraestratal de artrópodes e escavações rasas de organismos vermiformes subordinadas, além de icnofábricas de Chondrites-Planolites-Palaeophycus. Duas novas icnoespécies, Cruziana intermittens n. isp. e Tonganoxichnus itararensis n. isp. foram diagnosticadas. A análise das assembléias icnofossilíferas evidenciou a presença duas paleoicnocenoses distintas: (i) Paleoicnocenose A, contendo trilhas de deslocamento de artrópodes e escavações rasas de artrópodes e de organismos vermiformes, vinculada à fácies de ritmitos; e (ii) Paleoicnocenose B, reunindo exclusivamente escavações mais profundas, vinculada à fácies de depósitos heterolíticos. Quatro suítes distintas são observadas na Paleoicnocenose A: (i) suíte MP, contendo Maculichna varia, Protichnites isp., Diplichnites gouldi e Diplopodichnus biformis, com Kouphichnium isp. subordinado, vinculada aos ritmitos do tipo A; (ii) suíte HT, composta por Helmithoidichnites tenuis e Treptichnus pollardi, com Nereites isp. e Tonganoxichnus itararensis n. isp. subordinados, vinculada com os ritmitos do tipo B; (iii) suíte CR, contendo Cruziana problematica, C. intermittens n. isp., Rusophycus carbonarius e Gluckstadtella cooperi, com H. tenuis subordinado, vinculada aos ritmitos do tipo C; e (iv) suíte Dg, monoespecífica para Diplichnites gouldi, preservada em palimpsesto sobre a suíte CR. A Paleoicnocenose B é formada por icnofábrica composta de Chondrites/Planolites, produzida em níveis intermediários do substrato, e Palaeophycus, em níveis mais superficiais. As assinaturas icnológicas registradas sugerem um sistema deposicional estuarino do tipo fiorde, com a zona mais proximal do estuário situada a ENE (região de Cachoeira do Sul) e a mais distal, a SSW (região ao sul de São Gabriel-sudoeste de Lavras do Sul). Os ritmitos do tipo B se concentrariam na região mais proximal, os ritmitos dos tipos A e C se desenvolveriam nas planícies laterais ao corpo dágua e os depósitos heterolíticos, próximos à desembocadura deste, junto ao mar, em águas salobras. O contexto das paleoicnocenoses A e B e seus vínculos faciológicos sugerem representar, respectivamente, uma Icnofácies Scoyenia atípica e uma Icnofácies Cruziana empobrecida. De acordo com o registro global, a presença de G. cooperi, M. varia, T. pollardi e T. itararensis n. isp. nos ritmitos permitem supor uma idade Carbonífero Superior para esses depósitos

ASSUNTO(S)

permocarboniferous trace fossils itararé group icnofósseis permocarbonífero geologia gondwana grupo itararé gondwana rio grande do sul

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