Assimetria flutuante, herbivoria e polinização em melastomataceae

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/06/2011

RESUMO

A Assimetria Flutuante (AF) representa pequenas variações aleatórias em caracteres presumidamente com simetria bilateral e é amplamente utilizada como uma medida de instabilidade no desenvolvimento de plantas e de animais. A AF, por ser uma medida rápida, simples e barata, tem sido freqüentemente utilizada para o monitoramento dos níveis de estresse ecológico, sejam eles abióticos, bióticos ou ambos. Para plantas, a assimetria flutuante é normalmente medida através de desvios de um eixo de simetria, normalmente usando-se a nervura central ou distâncias entre nervuras periféricas como eixos de referência. Além de ser um indicativo de estresse, vários estudos têm demonstrado uma relação positiva entre assimetria e abundância de insetos herbívoros, indicando que a AF pode servir como um preditor da susceptibilidade à herbivoria em comunidades naturais e artificiais. A assimetria flutuante também tem sido sugerida recentemente como um indicativo da qualidade de plantas para polinizadores podendo ser medida em características como guias de néctar, tamanhos de pétalas, estames e estiletes. Neste estudo investigou-se o efeito da assimetria flutuante em interações negativas, como a herbivoria, e também em interações positivas, como relações mutualísticas entre plantas e polinizadores, em três escalas: espécies, gêneros e família. Para isso 20 indivíduos de cinco espécies (1- Trembleya laniflora, 2- T. parviflora, 3-Lavoisiera campos-portoana, 4- L. cordata e 5- Tibouchina heteromalla ) da família Melastomataceae foram marcados no campo e monitorados antes e durante o período de floração. Após terem a largura de suas folhas e a largura e comprimento de suas flores medidos, o Índice 1 de AF foi calculado como a média das diferenças entre os valores da largura/comprimento dos lados esquerdo e direito. O papel da assimetria flutuante nas variações das taxas de herbivoria e visitação de polinizadores dentre e entre essas plantas hospedeiras foi estudado. Todas as espécies estudadas apresentaram assimetria nas folhas e flores, sendo que apenas as folhas de L. campos-portoana e de L. cordata, e as pétalas de T. heteromalla não exibiram assimetria flutuante. O maior nível de assimetria foi encontrado em T. heteromalla para folhas e em L. campos-portoana para comprimento e largura de pétalas. As espécies T. parviflora e T. heteromalla têm as folhas com maior nível de assimetria que as flores (comprimento e largura), L. campos-portoana tem as flores (comprimento e largura) com maior nível de assimetria e T. laniflora tem o maior nível de assimetria na largura da pétala. Nenhuma das espécies estudadas apresentou uma relação positiva entre o nível de assimetria das folhas e flores por indivíduo. Todas as espécies apresentaram um maior nível de AF nas folhas atacadas por herbívoros do que nas intactas, sendo que para as espécies do gênero Trembleya essa diferença foi significativa. De forma semelhante, insetos polinizadores de T. laniflora preferiram as flores mais simétricas, talvez utilizando a AF como guia. Para as espécies estudadas a assimetria flutuante não pode ser utilizada como um indicador de exposição ao estresse por não haver consistência entre as comparações dos níveis de assimetria flutuante das folhas e das flores entre as espécies. Bem como não pode ser utilizada como um preditor da instabilidade de desenvolvimento por não apresentar relação entre os níveis de assimetria flutuante das folhas e flores dos indivíduos da mesma espécie. Apesar disto este estudo mostrou que os insetos herbívoros que interagem com essas espécies em geral utilizam a assimetria flutuante como guia para sua escolha

ASSUNTO(S)

ecologia teses. melastomataceae teses. polinização teses.

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