Assembléias de morcegos (Mammalia: Chiroptera) em áreas preservadas e degradadas do Cerrado do Distrito Federal / Assembléias de morcegos (Mammalia: Chiroptera) em áreas preservadas e degradadas do Cerrado do Distrito Federal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Embora os morcegos representem a maioria dos mamíferos do Cerrado e sejam bons indicadores de áreas preservadas e degradadas, poucos estudos com esse enfoque são realizados no Brasil. O objetivo deste estudo foi verificar se a estrutura morfométrica, a composição, riqueza, e abundância de espécies de morcegos variavam entre matas e cerrados s.s. preservados e conservados ao longo do ano. Foi verificado também se havia deslocamento entre os sítios amostrais. Durante o período de setembro de 2007 a junho de 2008 foram realizadas 74 noites de amostragem com a captura de 485 indivíduos pertencentes a 25 espécies de quatro famílias de morcegos (Phyllostomidae, Vespertillionidae, Mormoopidae e Molossidae). Nas áreas de mata as espécies mais abundantes foram Sturnira lilium (106), Artibeus lituratus (76), Carollia perspicillata (51), Artibeus cinereus (40) e Platyrrhinus lineatus (33). Essas espécies representaram 77,47% de toda a amostragem das matas. Os dados indicam que Sturnira lilium parece não evitar áreas degradas, e pelo contrário, foi capturada em maior abundância nas matas degradadas. No entanto, Artibeus planirostris mostrou-se uma espécie sensível à degradação, sendo mais capturada em matas preservadas. Nos cerrados sensu stricto as espécies mais abundantes foram Artibeus lituratus (38), Glossophaga soricina (16), Carollia perspicillata (14), Sturnira lilium (7) e Artibeus planirostris (3), que juntas representaram 86,67% de toda a amostragem em cerrados s.s. Carollia perspicillata e Glossophaga soricina foram capturadas em maior abundância em cerrados s.s. conservados. Embora 13 espécies tenham sido capturadas nos cerrados degradados, nenhuma foi preferencialmente capturada neste nível de degradação. A estrutura morfométrica das assembléias variou em matas e em cerrados s.s. Indivíduos com antebraço entre 30 e 38 mm foram predominantes em matas degradadas, enquanto indivíduos entre 39 e 49 mm foram predominantes em matas preservadas. Já nos cerrados s.s., o maior número de indivíduos do intervalo de 30 a 38 mm estava em pontos de coleta conservados. Nas matas, Artibeus fimbriatus ocorreu preferencialmente na estação seca, enquanto Carollia perspicillata, Sturnira lilium e Anoura geoffroyi ocorreram preferencialmente na estação chuvosa. A maior abundância de indivíduos também ocorreu nessa estação. Nos cerrados s.s. não foram verificadas preferências das espécies por nenhuma estação. A taxa de recaptura em matas de galeria foi 3,19%, enquanto em cerrados s.s. foi 1,34%. Foi possível registrar o deslocamento de três indivíduos. Um indivíduo de Sturnira lilium apresentou deslocamento de 4,9 km em matas de galeria. Um indivíduo de Artibeus lituratus deslocou-se 5,49 km entre a mata e cerrado s.s., e um indivíduo de Carollia perspicillata deslocou-se por 2,64 km entre mata e cerrado s.s. É digno de nota que durante a realização desse trabalho foi feito o primeiro registro de albinismo para uma espécie de morcego no cerrado, capturado com rede de neblina. E é o primeiro registro de albinismo completo para a espécie Artibeus cinereus.

ASSUNTO(S)

degradação morcegos cerrado cerrados sensu stricto ecologia cerrados sensu stricto cerrado degradation matas de galeria bats gallery forests

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