Aspectos psicossociais na adesão ao tratamento de pessoas com HIV/AIDS: o uso do genograma para o conhecimento da rede familiar
AUTOR(ES)
Walquiria Jesusmara dos Santos
DATA DE PUBLICAÇÃO
2011
RESUMO
A disponibilização da terapia combinada representou um grande avanço no controle da epidemia de Human Immunodeficiency Virus/Acquired Immune Deficiency Syndrome (HIV/aids) mudando o perfil epidemiológico da doença no sentido de sua cronificação. Entretanto, a adesão ao tratamento antirretroviral (TARV) é, hoje, um dos grandes desafios para o sucesso do programa de distribuição universal e gratuita de antirretrovirais e para o controle da epidemia. Vários aspectos relacionados à complexidade da vida das pessoas infectadas pelo HIV configuramse em barreiras importantes à adesão, sobretudo aqueles que dizem respeito a suas relações sociais, suas interações com o parceiro, suas relações com a família, e o suporte social que recebem. O objetivo deste estudo foi compreender a dinâmica da rede social familiar de pessoas vivendo com HIV/aids e sua influência na TARV, com apoio metodológico do genograma. Para se alcançar o objetivo proposto, utilizou-se a metodologia qualitativa fundamentada nas teorias do Interacionismo de Goffman (1999) e Petitat (1998). Foram realizadas entrevistas individuais abertas e em profundidade com 26 sujeitos em uso de TARV, acompanhados em serviço de referência para tratamento do HIV/aids em Belo Horizonte, Minas Gerais. A análise foi fundamentada na análise estrutural da narração. Os resultados foram organizados em quatro categorias temáticas: 1) Estruturação da rede social familiar na trajetória de vida; 2) Revelação da soropositividade à família; 3) Interações familiares após a soropositividade; 4) Suporte social. A interpretação dos dados revelou que os sujeitos classificados como não aderentes à TARV possuíam uma rede familiar fragilizada, com interações familiares conflituosas e afastamento de pessoas que poderiam prover apoio. Esses doentes não contavam com suporte social, ou só o tinham em momentos de piora de seu estado de saúde. Já os sujeitos classificados como aderentes possuíam uma rede familiar mais estruturada com referência de suporte social para a vivência do HIV por aqueles familiares que tinham conhecimento do diagnóstico. O segredo sobre o estado sorológico apresentou-se como uma constante na vida das pessoas infectadas, devido ao medo do estigma e da discriminação relacionados à doença. A revelação da soropositividade, quando ocorre, se dá para poucas pessoas do convívio social como forma de garantir a manutenção do sigilo sobre o diagnóstico. Dessa forma, os serviços de saúde, muitas vezes, são os únicos locais onde se fala sobre a vivência da soropositividade, sendo então, locais estratégicos para a implementação de instrumentos e de novas práticas de assistência à pessoa que vive com HIV/aids com a inclusão e o fortalecimento da rede familiar no tratamento.
ASSUNTO(S)
apoio social decs anti-retrovirais/uso terapêutico decs síndrome de imunodeficiência adquirida/quimioterapia decs enfermagem decs enfermagem teses pesquisa qualitativa decs recusa do paciente ao tratamento/psicologia decs síndrome de imunodeficiência adquirida/psicologia decs relações familiares decs dissertações acadêmicas decs humanos decs
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/GCPA-8FXQPPDocumentos Relacionados
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