Aspectos histoquimicos e ultra-estruturais de enxertos autologos de nervos estocados em diferentes soluções conservadoras

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Os efeitos de soluções conservadoras de órgãos (SC) sobre a estrutura e a viabilidade de enxertos de nervos periféricos são pouco conhecidos. Neste estudo investigamos a organização histológica e ultra-estrutural de enxertos após sua manutenção em dois tipos de SC e após transplante autólogo. Ratos Wistar machos foram agrupados para obtenção de nervos ciáticos normais (NN), transplantados a fresco (NF), conservados em solução de Wisconsin/Belzer ou solução de Collins, por 24 ou 72 horas a 4°C (W1,W3;C1,C3), e conservados e transplantados (W1-T,W3-T;C1-T,C3-T). Após os períodos de conservação ou transplante, os espécimes foram processados para análise ao microscópio óptico e eletrônico. A morfologia dos segmentos de nervos conservados apresentou alterações na sua estrutura comparativamente aos segmentos de nervos frescos. Foi observada redução da basofilia tecidual em todos os segmentos conservados quando comparados ao nervo normal. Esta redução foi mais acentuada no grupo C3. Os grupos W1 e W3 apresentaram aspectos semelhantes entre si. Em todos os grupos não foram observadas alterações quanto à distribuição e organização das fibras colágenas. Após 50 dias de transplante a basofilia tecidual e a celularidade foram semelhantes entre os grupos W1-T, W3-T; C1-T, C3-T e NF. Por outro lado, a vascularização nos enxertos dos grupos tratados mostrou-se aparentemente mais densa que os enxertos do grupo NF. Não foram observadas alterações nas células do perineuro, mas em todos os grupos tratados foram detectadas áreas com abundante deposição de fibras colágenas entre as camadas de células perineurais. Este fato foi especialmente mais intenso nos grupos C 1- T e C3- T. A análise ultra-estrutural revelou no grupo C3 uma acentuada desorganização das fibrilas de colágeno do endoneuro quando comparado ao grupo NN. Os grupos C 1 e C3 apresentaram maior freqüência de alterações das lamelas da bainha de mielina, comparativamente aos grupos Wl e W3, e seus axônios exibiam clara desorganização dos neurofilamentos. Não foram detectadas alterações na lâmina basal das fibras mielínicas e dos feixes amielínicos. As células de Schwann mantiveram a integridade de sua estrutura nos grupos Cl e W1. Contudo, no grupo C3 foram observadas numerosas células de Schwann exibindo vacuolização e aumento de volume do citoplasma. Os grupos W1- T e W3- T apresentaram maior densidade de fibras mielínicas e organização tecidual semelhante ao grupo NF. Por sua vez, os grupos C1-T e C3-T apresentaram grande número de mini-fascículos e colágeno endoneural. O perineuro dos diferentes grupos apresentou-se semelhante ao observado nos grupos NN e NF. As análises estrutural e ultra-estrutural mostraram que a preservação das células de Schwann e demais elementos que suportam a regeneração axonal foi superior nos enxertos conservados na solução de Wisconsin/Belzer. Estes resultados embasam estudos em andamento para a formulação de SC que viabilizem a criação de bancos de nervos para transplantes heterólogos

ASSUNTO(S)

nervos perifericos sistema nervoso - regeneração

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