Aspectos eticos, legais e terapeuticos da fratura de instrumentos endodonticos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A Endodontia encontra-se em pleno desenvolvimento, tornando-se mais automatizada, rápida e acessível tanto para o estudante quanto para o profissional da Odontologia. As diferentes manobras utilizadas para a realização do tratamento endodôntico proporcionam uma grande margem de sucesso neste tipo de tratamento. Entretanto, diversos acidentes podem ocorrer durante o tratamento dos canais radiculares e a fratura de instrumentos endodônticos constitui um dos mais indesejáveis. Este acidente pode ser ocasionado por vários motivos, podendo estar relacionado à fabricação do instrumento, à particularidades da morfologia dos canais e ao modo pelo qual estes instrumentos são utilizados pelo Cirurgião-Dentista. Esse estudo verificou o conhecimento dos Cirurgiões-Dentistas sobre os aspectos técnicos relacionados à fratura de instrumentos endodônticos radiculares, bem como as suas repercussões éticas e legais, no relacionamento profissional-paciente e no relacionamento interprofissional, entre os Cirurgiões-Dentistas que realizam o tratamento endodôntico nos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia-GO. Para tanto, foram avaliados 200 questionários distribuídos de forma aleatória e os dados obtidos foram agrupados segundo as variáveis classificatórias e segundo a qualificação e atuação dos indivíduos que realizam o tratamento endodôntico. A análise estatística incluiu testes de Qui-quadrado e Exato de Fischer. Os resultados finais demonstraram que 56% dos entrevistados já fraturou algum tipo de instrumento endodôntico e entre os endodontistas, este valor alcançou 87,5%. A fratura ocorreu de uma a cinco vezes, para 46% dos entrevistados. A principal causa de fratura citada foi o uso excessivo do instrumento, sendo apontada por 61% da amostra e por 46,9% dos endodontistas. A falta de conhecimentos técnico-científicos constitui uma das causas de fratura dos instrumentos endodônticos para 39,5% da amostra. 74% dos entrevistados sente a necessidade de um programa de educação continuada sobre acidentes e complicações em Endodontia e 62,5% dos profissionais desconhecia qualquer tipo de técnica visando a retirada do instrumento fraturado. 27% da amostra sugeriu um maior aprofundamento teórico sobre os acidentes decorrentes do tratamento endodôntico, com enfoque odontolegal. Quanto ao esclarecimento prévio sobre os riscos inerentes ao tratamento endodôntico, 59% esclarece verbalmente, 35,5% não esclarece e apenas 20,5% esclarece por escrito. Concluiu-se que os Cirurgiões-Dentistas não estão bem preparados quanto ao conhecimento técnico-científico relativo à fratura de instrumentos endodônticos, especificamente sobre as opões terapêuticas e técnicas utilizadas na retirada do instrumento endodôntico fraturado. Considerando que o uso excessivo do instrumento foi a principal causa de fratura apontada pelos entrevistados, cabe ao Cirurgião-Dentista estabelecer a quantidade de vezes que um mesmo instrumento endodôntico deve ser utilizado, antes de descartá-lo. Tanto os endodontistas quanto os clínicos gerais agem de maneira mais eticamente correta no relacionamento profissional-paciente do que a relação interprofissional e, entre os clínicos gerais pôde ser observada uma postura tida como eticamente correta, quando comparados com os especialistas. Finalmente, conclui-se que a maioria dos entrevistados documenta-se precariamente, ficando vulnerável nos processos judiciais quando é aplicado o Código de Proteção e Defesa do Consumidor. Assim sendo, o Cirurgião-Dentista deve se resguardar de processos judiciais por meio de uma documentação odontológica completa e adequadamente preenchida

ASSUNTO(S)

endodontia fraturas odontologia legal

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