Aspectos epidemiológicos e ecológicos relacionados à malária na área de influência do lago da Represa de Porto Primavera, região oeste do Estado de São Paulo, Brasil
AUTOR(ES)
Gomes, Almério de C., Paula, Marcia B. de, Duarte, Ana Maria R. de C., Lima, Maura A., Malafronte, Rosely dos S., Mucci, Luis F., Gotlieb, Sabina Lea D., Natal, Delsio
FONTE
Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008-10
RESUMO
Foi realizada pesquisa na área de influência do lago da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, região oeste do Estado de São Paulo, para estudar aspectos ecológicos e epidemiológicos da malária na localidade e acompanhar o perfil das populações de anofelinos frente às mudanças decorrentes do impacto ambiental pela formação do lago. Mosquitos capturados foram analisados pelo Índice de Abundância de Espécies Padronizado (IAEP), antes e durante o enchimento do reservatório (cotas 253 e 257 m). A população humana local foi estudada por meio de teste parasitológico (gota espessa e esfregaço sangüíneo), testes moleculares (PCR) e testes sorológicos. A sorologia consistiu na reação de ELISA com peptídeos sintéticos correspondentes à porção repetitiva da proteína circumsporozoíta (CSP) de Plasmodium vivax clássico, e suas variantes VK247 e "vivax-like", P. malariae e P. falciparum; e reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) com formas assexuadas de P. vivax, P. malariae e P. falciparum. Os resultados do estudo entomológico indicaram que, embora a população de Anopheles darlingi tenha aumentando após o enchimento, permaneceu em baixa densidade. Não foi detectada malária nem a presença de parasitos ou de DNA parasitário nos habitantes estudados. No entanto, foi observada baixa freqüência de anticorpos contra formas assexuadas e significativa prevalência de anticorpos contra esporozoítos de P. vivax e suas variantes, P. falciparum e P. malariae, que poderiam decorrer de contatos prévios, recentes ou não, com plasmódios humanos ou símios (o ciclo silvestre foi evidenciado em estudo paralelo realizado na mesma área). Por outro lado, estes resultados sugerem que, como em outros lugares onde existem vetores potenciais da malária, as condições epidemiológicas poderiam potencialmente permitir a transmissão da malária na área de influência do lago de Porto Primavera, se indivíduos infectados fossem introduzidos em número suficiente. Estudos adicionais deverão ser realizados para elucidar os fenômenos relatados neste artigo.
Documentos Relacionados
- Circulação de anticorpos contra o vírus amarílico em população simiana da região da usina hidrelétrica de Porto Primavera, São Paulo, Brasil
- Aspectos ecológicos dos pequenos estrongilídeos na região do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, Brasil
- Aspectos ecológicos da fauna flebotomínea (Diptera, Psychodidae) da Serra da Cantareira, Região metropolitana da Grande São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil
- Prevalência de catarata na região centro-oeste do Estado de São Paulo, Brasil
- Aspectos epidemiológicos de malária autóctone na mata atlântica, litoral norte, Estado de São Paulo, 1985 - 2006