Aspectos epidemiológicos e clínicos de mulheres portadoras de doença de Chagas em Campo Grande, MS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A infecção chagásica representa um dos mais sérios problemas de Saúde Pública pela alta prevalência e pelos riscos de transmissão transfusional, placentária e oral. Objetivo: caracterizar os aspectos epidemiológicos e clínicos de mulheres portadoras de doença de Chagas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no período de março de 2007 a abril de 2008. Material e métodos: Realizou-se um estudo descritivo observacional do tipo transversal com 32 pacientes do sexo feminino triadas no Programa de Proteção à Gestante do Instituto de Pesquisa e Diagnóstico da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e encaminhadas ao ambulatório do Centro de Doença Infecto-Parasitária do município. Critérios de inclusão: mulheres com diagnóstico de infecção pelo Trypanosoma cruzi e encaminhadas pelo Programa. Critérios de exclusão: mulheres sem infecção pelo Trypanosoma cruzi. O projeto foi aprovado pelo protocolo n. 883 de 20 março de 2007, Portaria 196/96 - Conselho Nacional de Saúde. Na análise estatística foram utilizadas correlação linear de Pearson e estatística descritiva utilizando o Software SPSS, versão 13.0. A taxa de incidência foi de 0,7 para cada 1000 gestantes. Os resultados mostraram predomínio da baixa escolaridade; apenas 3,1% tinham ensino superior. No que diz respeito à profissão, 62,5% eram trabalhadoras do lar e, no tocante a raça, 87,5% eram brancas, 9,4% eram pardas e 3,1% outras. Quanto à origem, 81,2% das pacientes não eram de Campo Grande: 56,2% nasceram no interior do estado; 18,8% eram da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul; e 6,2% eram da Bolívia. Os números relativos à proveniência de zona rural e urbana eram, respectivamente, 56,3% e 43,8%. Do total de participantes, 74,2% moravam em área endêmica e 25,8%, em área não endêmica. A proporção de abortos em relação aos partos foi de 36% do total de pacientes e o número médio de abortos foi 0,530,84. Entre as que apresentavam co-morbidades, 70,0% apresentavam hipertensão. Quanto à presença de sintomas, 84,4% não apresentavam distúrbios gastrintestinais e 78,1% não apresentavam queixas cardíacas. O eletrocardiograma mostrou-se alterado em 42,3% das pacientes e incluíam distúrbio de condução do ramo direito em 37,5%, alteração difusa da repolarização ventricular em 25,0%; outros 25,0% apresentaram bloqueio completo do ramo direito e uma paciente mostrou bradicardia sinusal, extra-sístole supra-ventricular isolada e bloqueio divisional ântero-superior esquerdo. A fração de ejeção média foi de 0,710,05, enquanto que o índice cardiotorácico médio foi de 0,450,07. Houve uma correlação linear significativa e negativa. Conclui-se que as pacientes nasceram, moraram ou viveram em um período da vida na zona rural em casa de madeira ou pau a pique, e que houve uma co-relação direta entre baixa escolaridade e doença de Chagas. Em relação à moradia atual, 93,5% residem na zona urbana em área não endêmica. A forma de transmissão por vetores ficou evidente. Alterações do eletrocardiograma, ecocardiograma e radiografia de tórax têm importante valor na avaliação inicial, mesmo em pacientes assintomáticas.

ASSUNTO(S)

chagas disease women mulheres epidemiologia doença de chagas

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