Aspectos ecológicos e sociais da doença de Chagas no município de Uberlândia, Minas Gerais - Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este trabalho objetivou entender o papel da dinâmica do espaço rural na destruição, criação e recriação de nichos ecológicos que propiciam o desenvolvimento da fauna triatomínea e a endemia da doença Chagas, no município de Uberlândia-MG, bem como discutir uma possível urbanização da doença, a partir da presença do agente etiológico e seu vetor na cidade. Para tanto, foram realizados levantamentos de dados relacionados às notificações de triatomíneos, por localidade, na fase de vigilância do PCDCh de captura e pesquisa no espaço urbano e rural no período de 2004 a 2007; exame da situação epidemiológica do município; trabalhos de campo para identificação dos ambientes de possíveis ocorrências de Triatomíneos e análise do uso do solo e cobertura vegetal. A análise dos dados possibilitou verificar que nas áreas de relevo mais acidentado do município, correspondente ao vale do rio Araguari, a topografia foi um fator limitante ao uso mais intensivo do solo, o que possibilitou a permanência de remanescentes significativos de vegetação natural e, conseqüentemente, nichos ecológicos favoráveis à sobrevivência e reprodução do triatomíneo. Isto pode ser verificado pelo elevado número de capturas ao longo de todo o vale. Nas outras regiões do município, de topografia mais suave, formada em grande parte por grandes propriedades voltadas para a pecuária e a produção de grãos, o desmatamento foi intenso, destruindo os possíveis nichos ecológicos dos triatomíneos. Por esta razão, as captura de triatomíneos foram bem reduzidas. A constatação da existência de corredores ecológicos propícios à ocorrência da fauna triatomínea, ao longo dos grandes rios sugerem eixos de dispersão do vetor e do agente etiológico da doença, que integrariam essa região aos circuitos de outras áreas endêmicas do país. No espaço urbano, a análise dos dados sugeriu que, além do transporte passivo dos triatomíneos, resultante do intercâmbio de pessoas e produtos entre o campo e a cidade, há nichos ecológicos de triatomíneos, nas áreas de vegetação nativa preservada, nos parques ecológicos e nas matas ciliares dos córregos.

ASSUNTO(S)

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