Aspectos da pedagogia no século XVII : um estudo comparativo entre João Amós Coménio e Alexandre de Gusmão
AUTOR(ES)
Aline de Cássia Damasceno Pereira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi analisar as concepções pedagógicas que embasam o pensamento de João Amós Coménio (1592-1670) e Alexandre de Gusmão (1629-1724). Para tanto, foram selecionadas suas obras de mais destaque, respectivamente: Didática Magna e Arte de Criar Bem os Filhos na Idade da Puerícia. Ambas foram elaboradas com uma finalidade: Coménio objetivava propor um método de ensino à luz da Reforma Protestante; Gusmão, missionário da Companhia de Jesus, produziu sua obra com o intuito de zelar pela formação cristã das famílias. Foram tomados como parâmetros os aspectos família, infância, escola e método. Quanto à infância, constatou-se que ambos consideram a criança imagem da inocência e a definem como uma tábua rasa, uma cera virgem, que pode ser moldada pela educação. Com relação à família, esta é enfatizada por Gusmão, enquanto base para formação da fé e da boa educação. No caso de Coménio, poucos são os momentos em que ele se dirige à questão familiar. Entretanto, considera que os pais são os primeiros educadores dos filhos. Sobre a escola, observa-se que, para Gusmão, a educação tem a finalidade de formar bons cidadãos para a República. Coménio, igualmente, afirma que a reforma social dar-se-á pela formação da juventude e que a educação deve ser para todos. A questão dos métodos pedagógicos perpassa toda a obra de Coménio. Para ele, a escola ideal deve formar o homem completo. Propõe um método universal e uma estrutura baseada nas fases de desenvolvimento infantil. Defende um ensino útil para a vida, aspecto também considerado por Gusmão, que poucas vezes refere-se às escolas. Desse modo observa-se que o binômio família-escola permanece indissociável nessas obras, modificando-se apenas o enfoque. A família é o centro da obra de Gusmão; Coménio volta-se pouquíssimas vezes para este aspecto. Entretanto, com relação à escola, Coménio discute essencialmente essa questão, ao passo que Gusmão quase não a menciona. Assim, pode-se concluir que a concepção reformista enfatiza o processo de escolarização, enquanto o princípio pedagógico jesuítico está intrinsecamente vinculado à formação familiar, sendo a escolarização apenas uma conseqüência do trabalho de evangelização empreendido.
ASSUNTO(S)
jesuítas educacao reforma protestante educação
ACESSO AO ARTIGO
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