Aspectos da historia gramatical do portugues : interpolação, negação e mudança / Aspects of portuguese historical grammar : interpolation, negation and change

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta tese tem como objetivo central a investigação do fenômeno da interpolação em textos de autores portugueses nascidos entre os séculos 15 e 19, que compõem o Corpus Anotado do Português Histórico ? Tycho Brahe. As reflexões, bem como a metodologia de classificação e a análise de dados têm como pano de fundo o quadro teórico de Princípios e Parâmetros da Gramática Gerativa (cf. Chomsky, 1995). Na comparação com o mesmo fenômeno no português antigo, observei que a interpolação da negação se estende a novos contextos: encontrei o ?não? interpolado em orações raízes sem que algum operador proclisador introduzisse a oração e em orações infinitivas que não contextualizavam a próclise categórica. As primeiras ocorrências de interpolação da negação nestes novos contextos foram encontradas em textos do século 15, e são freqüentes nos séculos 16 e 17 (português clássico, de acordo com a periodização tradicional). Atestamos que a interpolação dos constituintes do VP desaparece dos textos no século 16, no mesmo período encontramos um padrão proclítico nas orações raízes ?XP-verbo? (remeto a Galves, Britto e Paixão de Sousa 2005). Também notamos que a não adjacência entre o complementizador e o pronome clítico se torna mais comum neste mesmo período. Argumento que a preferência pela próclise verbal nas orações matrizes nos séculos 16 e 17 está relacionada com a perda da interpolação de XPs. E, proponho que os novos contextos de interpolação da negação são derivados deste padrão proclítico nas orações raízes. Mais tarde, quando a ênclise se torna a regra nas orações raízes ?XP-verbo? a interpolação da negação neste contexto desaparece. Assim, os resultados evidenciam um estado gramatical intermediário entre o português antigo (séculos 13 e 14) e o português europeu moderno (a partir do século 18). Denominado de português médio por Galves (2004). Adotamos a proposta de Martins (1994) da existência de um Sintagma funcional de polaridade na estrutura da oração ? _P ? situado entre CP e IP. E propomos que a gramática do português antigo teria um pronome clítico capaz de se hospedar no núcleo mais alto da estrutura frasal (C°). A gramática intermediária terá resultado da perda da propriedade de subida do clítico para este núcleo, mantendo-se em _°. Na gramática moderna o clítico não sobe além de I°. Quanto à variação na colocação pronominal átona encontrada nos domínios negativos, em todas as épocas, mas, sobretudo no português médio e no português europeu moderno, defendo a hipótese de que esta está relacionada com o caráter de núcleo funcional e de clítico do operador de negação ?NÃO?. Sendo o operador de negação sentencial a instanciação negativa do núcleo _° em português, a incorporação de _-Neg° ao verbo é obrigatória. E, como os clíticos pronominais obedecem a restrições de domínio morfo-fonológico, derivamos as três gramáticas no quadro teórico da Morfologia Distribuída por melhor capturar processos como a inversão prosódica, e a incorporação do ?não? ao verbo

ASSUNTO(S)

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