Aspectos da dinamica de populações da palmeira Attalea humilis Mart. ex. Spreng. em fragmentos de Floresta Atlantica sujeitos a fogo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

Um estudo da dinâmica de populações da palmeira acaulescente Attalea humilis Mart. ex. Spreng foi conduzido em três fragmentos (1,6; 6,4 e 9,9 ha) da Floresta Atlântica, no sudeste do Brasil, entre 1996 e 1999. Durante o período de estudo, os fragmentos foram atingidos por um incêndio antrópico que devastou parte da reserva na qual estão incluídos. o número de folhas e o comprimento da raquis da folha mais recentemente expandida foram medidos para todas as palmeiras encontradas em duas transecções perpendiculares de 10m de largura cruzando os fragmentos de borda a borda. Os seguintes aspectos da ecologia de populações da espécie foram estudados: 1) Caracterização de estádios ontogenéticos. Cinco estádios ontogenéticos foram distinguidos: Plântulas encontravam-se ligadas a restos seminais geralmente enterrados e apresentavam folhas inteiras; Juvenis apresentavam segmentação incompleta do limbo foliar. Indivíduos não reprodutivos com folhas pinatissectas foram divididos morfometricamente em dois grupos: os hnaturos, com menor número de folhas e comprimento da folha mais jovem menor e altamente variável, e os Virgens, com mais e maiores folhas, mas com comprimento da folha mais jovem mais constante. O tamanho crítico de copa para o qual imaturos e virgens puderam ser identificados variaram de acordo com o fragmento e o ano. Palmeiras Reprodutivas apresentavam estruturas reprodutivas. 2) Dinâmica da hierarquia de tamanhos. Não foram encontradas evidências consistentes de dependência da densidade no tamanho dos indivíduos das populações estudadas, avaliados através de analises de regressão entre variáveis ligadas ao tamanho da copa e a densidade das parcelas. Tanto para o número de folhas quanto para o comprimento da raquis da folha mais nova em todas as populações, diferenças de tamanho entre palmeiras em uma mesma categoria ontogenética tenderam a diminuir ao longo do processo de maturação da espécie. Palmeiras jovens foram danificadas heterogeneamente pelo fogo, enquanto a maioria das palmeiras imaturas tiveram 50 - 75% de sua copa destruída, e os adultos mostraram uma grande proporção de plantas sem nenhum sinal de destruição da copa. Dezoito meses após o incêndio os indivíduos tenderam a apresentar uma menor desigualdade em relação ao número de folhas entre categorias ontogenéticas em todos os fragmentos. Sugerimos que a heterogeneidade ambienta!, poderia agir como filtros ambientais selecionando os indivíduos que são recrutados para a categoria imatura. Estes indivíduos apresentariam crescimento e sobrevivência maiores e tamanhos menos desiguais: 3) Distribuirão espacial de estádios ontogenéticos. As palmeiras estavam significativamente agregadas em várias escalas, mas uma redução no grau de agregação ocorreu de plântulas para adultos em todos os fragmentos. o fogo aumentou temporariamente o grau de agregação dos jovens. Estádios ontogenéticos não foram encontrados nas mesmas parcelas com maior freqüência do que esperado ao acaso na maioria dos casos, mas uma associação positiva significativa de reprodutivos em diferentes anos foi encontrada em dois fragmentos. A distribuirão das palmeiras entre setores dos fragmentos variou de acordo com o estádio, fragmento e o ano, mas foi consistente no tempo sendo pouco afetado pelo fogo. Não foi encontrada uma relação geral entre a densidade de palmeiras e a distância da borda do fragmento, mas sim uma resposta complexa e esporádica. Sugerimos que a dispersão de sementes a curta distância por roedores pode resultar em agregados discretos e de baixa densidade de palmeiras jovens dissociados de plantas reprodutivas e que estádios posteriores ficam restritos a sítios mais abertos, perturbados e sujeitos ao fogo: 4) Demografia. Em todos os anos a densidade de palmeiras no fragmento de tamanho intermediário (750 - 900 palmeiras ha-l) foi significativamente maior e apresentou maio amplitude do que nos outros fragmentos (130 - 200 palmeiras ha-l e 120 - 150 palmeiras ha l).A estrutura de estádios das populações variou com o fragmento e o ano, mas em geral os estádios posteriores foram mais abundantes do que os iniciais. A população no fragmento mais denso estava concentrada em seu setor mais perturbado. Tanto a taxa de crescimento populacional (I..) projetada quanto a observada foram significativamente maiores do que a unidade no menor fragmento mas similar á unidade no fragmento maior. Taxas de crescimento populacional baseadas em modelos matriciais foram mais sensíveis a mudanças na sobrevivência de plântulas, virgens e imaturos, e relativamente insensíveis a mudanças no crescimento e fecundidade. Depois do fogo, as populações permaneceram estáveis em todos os fragmentos exceto no de tamanho intermediário, onde uma tendência decrescente foi observada. A estrutura de estádios de todas as populações foi marcadamente alterada pelo fogo através da concentração da maioria dos indivíduos no estádio imaturo, de tamanho intermediário, mas esta tendência foi parcialmente revertida no segundo ano após o incêndio. Estes resultados poderiam indicar que a habilidade de rebrota de A. humilis, juntamente com sua tendência de persistir e crescer em áreas perturbadas promovem o crescimento populacional em fragmentos florestais pequenos e impactados, mas este crescimento pode ser revertido pelo crescimento secundário denso que tem lugar após incêndios ocasionais

ASSUNTO(S)

palmeira florestas tropicais

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