Aspectos cognitivos das concepções sobre as transformações de áreas verdes : a Floresta Amazônica em questão

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Uma das questões prioritárias dos tempos atuais é a relação do ser humano com o ambiente, uma vez que a exploração predatória do ambiente natural poderá inviabilizar o futuro da humanidade. A floresta amazônica ocupa lugar de destaque em função de seu valor ambiental e paisagístico ameaçado pela intervenção humana. A partir dessa motivação, o objetivo deste estudo foi investigar os processos cognitivos que embasam a decisão de conservar e/ou transformar a floresta amazônica em função de necessidades sociais. Para isso admitiu-se o método clínico piagetiano, que busca responder como a representação da realidade é construída e organizada mentalmente pelas pessoas. A estratégia utilizada para promover essas respostas consistiu em criar uma situação representacional e avaliar as atuações e explicações do sujeito. Utilizou-se um instrumento para análise de cognição ambiental que propõe a realização de uma tarefa simbólica de transformação da floresta a partir de uma maquete composta por nove blocos removíveis que representam as diversas áreas da floresta Amazônica. A maquete incluiu ambientes construídos que totalizam 12 blocos representativos da infraestrutura urbana, objeto de escolha para substituição, ou não, dos blocos de floresta originais da maquete. Para investigar o entendimento dos participantes acerca de áreas florestais foi desenvolvido um roteiro de entrevista semi-estruturada. Participaram deste estudo 142 jovens (72 F e 70 M), entre 13 e 19 anos, residentes no Distrito Federal, em Ceres-GO e em Manaus-AM, matriculados em escolas públicas, escolas privadas e em uma escola agrotécnica pública federal. Foram analisadas tanto as elaborações verbais produzidas a partir da entrevista, quanto a ação dos participantes na transformação da maquete. As elaborações verbais foram submetidas ao software ALCESTE e à análise clínica piagetiana. As ações de transformação da maquete foram avaliadas a partir dos índices de entendimento ecológico que são: valor verde (quantidade de áreas verdes que o participante deixou na maquete), conhecimento conservacionista (qualidade de áreas verdes que o participante retirou da maquete) e conhecimento técnico (coerência técnica das transformações efetuadas). O local de moradia e o tipo de escola dos participantes exerceram influências significativas no entendimento acerca do funcionamento do bioma amazônico e nos critérios adotados para a transformação de áreas verdes. Em contrapartida, as variáveis idade e sexo não exerceram influência. Estes resultados sugerem que o tipo de escola e o local de moradia, contextos sociais investigados neste estudo, influenciam no entendimento e na importância atribuídos pelos participantes ao bioma amazônico. Os resultados indicaram que os jovens possuem as bases para identificar que muitos dos problemas urbanos vivenciados estão relacionados à maneira como foram planejadas as cidades e às formas de relação entre o ser humano e os recursos naturais. Além disto, os participantes demonstraram entender a questão ambiental como importante e problemática, pois ao serem estimulados pelo instrumento de pesquisa revelaram sua preocupação e abertura para discutir tais questões.

ASSUNTO(S)

cognição ambiental psicologia ambiental jovens floresta amazônica environmental psychology psicologia do trabalho e organizacional environmental cognition adolescents amazon rainforest

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